A taxa Selic caiu, há esperança, mas a confiança é pouca, por Capablanca

O Banco Central finalmente fez um primeiro gesto para reconhecer que a inflação despencou do patamar de dez e meio por cento para o patamar de seis por cento ao ano, fazendo com que até o “mercado” preveja que até dezembro o índice anual encoste no centro da meta, 4,5%.

Ora, ora, salve, salve, a autoridade monetária reduziu um pouquinho o escândalo: enquanto praticamente o mundo capitalista todo opera com juro zero ou negativo (seja em termos reais, seja em termos nominais), o Brasil, com seu juro real de mais de 7 por cento ao ano só se nivela (e por cima) aos dois países comunistas, a Rússia e a China, que têm respectivamente,juros reais da metade e de um terço do juro brasileiro. Estranho, não?

Não, não é estranho. O juro no Brasil é uma aberração. O juro dos títulos da dívida pública é uma aberração. Os juros do cartão de crédito são uma aberração. Os juros do cheque especial são uma aberração. Os juros do mercado livre de pessoas físicas e jurídicas são uma aberração.

Para muitos analistas, os juros baixos do BNDES é que são uma aberração (no caso, por serem baixos – sic).

Como não há competição entre bancos, como não há nenhuma pressão sobre a instituição reguladora e como o empresariado que produz enfraqueceu politicamente, é quase ingênuo esperar tempos melhores em termos de oferta de crédito e de custo do dinheiro. O oxigênio para o setor produtivo vai continuar escasso.

A queda da Selic será positiva no custo da dívida, se não for imediatamente compensada com oscilações bruscas da taxa de câmbio, que geram perdas indiretas imensas para o Tesouro.

Em suma, o sinal é positivo, há esperança, mas a confiança é pouca.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.