Os economistas estão começando a ficar sem graça e sem palavras. Não conseguem mais fazer discursos, palestras e dar entrevistas otimistas vazias de argumentos e de fatos. O lero-lero da retomada da confiança e a volta do investidor cansou, não engana mais. A queda da inflação é o único fato concreto positivo, se é que podemos comemorar uma marcha acelerada rumo ao risco de deflação. O ministro da Fazenda, melhor com as mãos do que com as ideias, montou na curva das estatísticas para dizer que a recessão só existe no retrovisor, uma aposta especulativa com muito pouco lastro.
Os economistas estão começando a desconfiar que o país está sendo desmontado, que a economia está sem qualquer controle ou comando, que é impossível retomar investimentos e crescimento do emprego sem o apoio num governo minimamente legítimo, sem um plano minimamente consistente e apontado para crescimento. Os economistas estão ligeiramente desconfiados de que foram levados no bico, tanto quanto os empresários.
O papo furado de que a confiança se retoma com as reformas só convence aos mais incautos e aos que acreditam que um país pode crescer puxando-se a si mesmo pelos cabelos, e que o governo não tem efetivamente um papel articulador, estimulador e, quando for o caso, até de financiador ou de empreendedor. Esse discurso de fanatismo liberal só o faz quem já está avançado no grau de desenvolvimento. Esse discurso liberal só existe para fazer dormir os países atrasados e tolos. Não há um só país desenvolvido que tenha chegado lá sem a parceria do Estado. E para continuar lá continuam a contar com a parceria do Estado.
Sem governo, sem o Estado, o Brasil já recuou sete anos no PIB em doze meses. E segue recuando…
Este é o Brasil das reformas.