Sem o “Investment grade”

A tão temida perda do grau de investimento ocorreu por meio da agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), que rebaixou a nota de crédito de longo prazo de “BBB-” para “BB+”, fazendo com que a economia brasileira ficasse sendo considerada no nível especulativo, perdendo o selo de bom pagador. A avaliação negativa pode propiciar prejuízos ao País e ao governo Dilma Rousseff.

O rebaixamento é reflexo da situação enfrentada no Brasil; o perfil de crédito do país se enfraqueceu dada, principalmente, segundo a própria agência, a inabilidade do governo de submeter ao Congresso um orçamento consistente para 2016 com a correção da política econômica, tendo enviado ao Congresso uma proposta orçamentária que considera um déficit primário de 0,3% do PIB, em vez do superávit de 0,7% anteriormente estimado. Na visão da agência, essa atitude significou “uma convicção menor dentro do gabinete da presidente sobre a política fiscal”.

Como as projeções para o PIB também não são positivas, o enfraquecimento da economia deve elevar os riscos da execução orçamentária, visto que as projeções indicam uma retração de 2,5% em 2015, seguida por outra queda de 0,5% em 2016, e um crescimento modesto seja retomado apenas em 2017.

Além disso, os gastos maiores com juros, devido ao aumento da Selic e a perspectiva de manutenção de seu patamar em nível elevado para controlar a inflação; e ao enfraquecimento do real – dadas as desvalorizações cambiais – contribuem para o aumento do déficit público. A perspectiva de que a dívida geral do governo, líquida de ativos, deve crescer a 53% do PIB em 2015 e para 59% em 2016, contrapondo -se a 47% de 2014.

Junta-se a isso o fato da piora na coesão política do governo, especialmente entre o PT e o PMDB, com dificuldade de implementar as propostas junto ao Congresso. Além de baixos índices de aprovação para a presidente e seu governo, além da possibilidade do impeachment, como as investigações de corrupção em empresários, companhias privadas e estatais e partidos políticos aumentaram a incerteza política no curto prazo.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.