O presidente Michel Temer parece com o presidente Fernando Collor. Foi Collor quem abriu radical e bruscamente as portas do Brasil aos estrangeiros, reduzindo tarifas e eliminando controles burocráticos na importação. Temer está abrindo a Amazonia aos empresários de mineração, está autorizando a venda de terras aos estrangeiros, permitiu 100% de controle acionário nas companhias de aviação, entre outras coisas. Ambos também contaram com o apoio decisivo da Globo para chegar lá e lá permanecer por algum tempo.
O presidente Michel Temer parece também com o presidente José Sarney. A fraqueza pessoal se traduz em fraqueza política. Parece que alguém de cima ou de fora do governo é quem efetivamente manda, a crônica política já diagnosticou a “sarneyzação” do regime Temer. De novo a relação com a Globo se coloca. Ambos pensam muito e demoram a falar, ambos quase não decidem, e quando decidem, costumar recuar. A diferença é que Sarney é culto e tem convicção democrática. Temer é raso e não tem princípios.
O presidente Michel Temer parece ainda com o outro Fernando, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos se empenham em gerar desemprego: recorrem a PDV’s (programas de demissão voluntária) e não se surpreendam se empatarem em números de demitidos no Banco do Brasil, na Caixa Econômica e nos Correios. Ambos acreditam firmemente que a Petrobrás é um mal a ser destruído ou esquartejado e entregue em fatias aos piratas, em troca de espelhinhos.
O presidente Temer não parece com o presidente Itamar Franco que recusou-se a agir como um traidor reles, manteve compostura, como cabe a um vice, e, ao assumir, não permitiu que a administração do país fosse entregue a pessoas que a crônica política identifica abertamente como bandidos. No dia em que um ministro seu foi acusado, chamou-o, colocou-o sob licença para defender-se; quando sua inocência foi atestada, readmitiu-o.
O presidente Temer não parece com o presidente Lula. Não há termo de comparação.
O presidente Temer não parece com Dilma Roussef. Não há como conciliar e é estranho que em duas campanhas e por cinco anos de gestão tenham estado lado a lado.
Diga você mesmo: com quem ele parece?
