O risco de disrupção na estratégia de aniquilar o PT

(Trecho final de artigo de Rober Iturriet Avila em www.brasildebate.com.br)

A derrota do PT parece irreversível. É bastante provável que haja uma disputa nas esquerdas pelo seu espólio, ou mesmo internamente, caso o partido sobreviva. Cabe a reflexão, entretanto, do que ocorrerá caso o partido seja banido e não haja um substituto à altura. Ora, o partido nunca foi revolucionário e sempre esteve de acordo com a ordem posta, ele propõe apenas remédios e ajustes para que haja maior justiça social e menor desequilíbrio econômico. É um partido que representa a conciliação de interesses, a partir da voz dos trabalhadores e dos mais excluídos. Sem esse campo político, sob o nome de “PT” ou sob outro agrupamento, a possibilidade de conciliação é mais difícil.

O Brasil é um país bastante heterogêneo, desigual, com um passivo social de 388 anos de escravidão, com periferias imensas nas principais capitais. É preciso ter em mente que 50% da população recebe menos de R$ 1.300,00 mensais! Na derruba recente, os grupos populares não saíram em massa às ruas para defender o governo, possivelmente por insatisfações diversas, já sentindo os efeitos do austericídio de 2015.

A partir do momento em que esses grupos sentirem na pele o que representa o aniquilamento da esquerda e sem uma direita consciente de que é preciso atender aos dominados, os riscos de disrupção social não são pequenos. Indaga-se se o caminho escolhido pela elite brasileira de destruir seus adversários é mesmo inteligente. Aniquilar a voz e os direitos dos dominados pode ter efeitos deletérios sobre os interesses de quem executa essas articulações.

Róber Iturriet Avila – Doutor em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, pesquisador da Fundação de Economia e Estatística e diretor sindical do SEMAPI

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SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

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