O que ocorre com o câmbio, por Ricardo Coimbra

Da disparada no mês de setembro à retração no mês de outubro, isso faz com que muitos não tenham a menor perspectiva de suas oscilações. Em setembro a moeda americana teve uma valorização de 9,45% em relação ao Real, sendo considerado o melhor investimento financeiro do mês. Mesmo não sendo possível investir diretamente na moeda, acaba sendo possível lucrar com essa alta, ao investir em fundos cambiais, por exemplo. Uma alta de 49,80% no acumulado do ano fez do dólar o melhor investimento do período.

Em outubro, o cenário foi completamente inverso. O dólar fechou o mês com uma queda de 2,59%, interrompendo um ciclo de três meses de altas consecutivas, o que fez com que a cotação tivesse subido 27,55% em tão pouco tempo. Este recuo marca a maior queda mensal desde abril, de -5,57%, e mesmo assim ainda acumula forte alta de 45,29% sobre o real em 2015.

Toda essa instabilidade no câmbio faz-se crer fortemente ligada ao cenário econômico e político conturbado. Passamos por uma mudança política do governo que gerou bastante incertezas, além de fortes discussões sobre a possibilidade de um impeachment da presidente Dilma e da possibilidade de substituição do ministro da Fazenda Joaquim Levy. Juntam-se a esses, as possíveis mudanças na política monetária americana e brasileira, com uma iminente elevação dos juros pelo Federal Reserve através do Fomc (Federal Open Market Committee), dado o crescimento da economia americana, que pode ocorrer ainda em dezembro; bem como as perspectivas de manutenção ou elevação da Selic pelo Copom (Comitê de Política Monerária) do Banco Central em função da elevação da inflação brasileira; além da manutenção das operações de swaps cambiais que devem permanecer para reduzir a volatilidade.

Gera-se um cenário em que o mercado deve continuar na defensiva. Olhando não somente o cenário externo, também o interno, principalmente se a situação no Congresso continuar difícil em relação à aprovação do ajuste fiscal e das contas públicas em 2015.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.