O HOMEM:
Agostinho de Hipo nasceu em 354 d.C e viveu 76 anos. Pagão nascido na África, era adepto do Maniqueísmo (corrente filosófica desenvolvida por Mani, que propunha o mundo como uma luta de contrários, o bem contra o mal), converteu-se ao Cristianismo aos 32 anos e abandonou uma vida cheia de pecados e sensualidade. Uma frase sua mostra isso: “Deus me conceda a castidade…mas não agora.”
AS CIRCUNSTÂNCIAS:
Foi o primeiro filósofo da era cristã e a Igreja Católica o fez Santo. Agostinho deu uma enorme contribuição ao Cristianismo ao buscar articular fé e razão. A Igreja queria conciliar Filosofia e Teologia para consolidar o domínio sobre o seu rebanho. Platão foi o ponto de partida, já que eram suas ideias as mais conhecidas e aceitas. É dele a frase “Intellige ut credas, crede ut intelligas.” Quer dizer: entenda para crer, creia para entender.
IDEIA:
O filósofo tratou do tempo e da eternidade. É dele a frase: “O que é o tempo? Se alguém me pergunta, eu sei; se alguém me pede para explicar, eu não sei”. Veja Agostinho, em trecho do seu livro “Confissões”, respondendo a críticos de sua fé:
TEXTO:
“… “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava, por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar vida a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”. .
..A vontade de Deus não é uma criatura. Está antes de toda criatura, pois nada seria criado se antes não existisse a vontade do Criador. Essa vontade pertence à própria substância de Deus. Se alguma coisa surgisse da substância de Deus que antes lá não estivesse, não podíamos, com verdade, chamar a essa substância eterna. Mas, se desde toda a eternidade é vontade de Deus que existam criaturas, por que razão não são as criaturas eternas?
…Na eternidade, nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente. Esse tal verá que o passado é impelido pelo futuro e que todo futuro está precedido de um passado, e todo o passado e futuro são criados e dimanam d’Aquele que sempre é presente. Quem poderá prender o coração do homem, para que pare e veja como a eternidade imóvel determina o futuro e o passado, não sendo ela nem passado nem futuro? Poderá, porventura, a minha mão que escreve explicar isto? Poderá a atividade da minha língua conseguir pela palavra realizar ação tão grandiosa?…
…Mas eu digo, meu Deus, que sois o Criador de tudo o que foi criado. Se pelo nome de “céu e terra” se compreendem todas as criaturas, não temo afirmar que antes de criardes o céu e a terra não fazíeis coisa alguma. Pois, se tivésseis feito alguma coisa, que poderia ser senão criatura vossa?…”