Rodrigo Teixeira é o brasileiro do momento, pelo menos segundo o universo do cinema. Teixeira, junto com o animador Carlos Saldanha, foram os únicos brasileiros concorrentes na 90ª edição do Oscar, que aconteceu no último domingo (04/03). Teixeira concorreu como produtor do filme Me Chame Pelo Seu Nome, coproduzido pelo Brasil, Itália, França e Estados Unidos.
Teixeira apostou em um tema tabu para conquistar corações e mentes pelo mundo, uma aposta arriscada, mas que lhe rendeu louros, colhidos neste momento, após a cerimônia. O produtor vem recebendo atenção massiva da mídia brasileira e internacional devido a mais esse êxito em sua carreira.
Me Chame Pelo Seu Nome retrata a vida do jovem de 17 anos, Elio Perlman (Timothèe Chalamet), que está passando o verão na Itália e conhece um acadêmico chamado Oliver (Armie Hammer), que veio ajudar na pesquisa que seu pai (Michael Stuhlbarg) está desenvolvendo na região. Esse encontro irá transformar a visão de mundo do adolescente para sempre. O longa foi dirigido pelo italiano Luca Guadagnino.
O filme de Teixeira não venceu na categoria principal à qual estava indicado, a de “melhor filme”, mas consagrou o protagonista, o estadunidense Timothèe Chalamet, de 22 anos, que não venceu como melhor ator, mas foi aclamado como uma jovem promessa do cenário do cinema mundial. Gerou expectativa para seus próximos projetos.
O filme venceu como “melhor roteiro adaptado”, dando o primeiro Oscar ao roteirista e diretor americano James Ivory, que, aos 89 anos se tornou o mais velho artista a receber o prêmio da Academia. Ele dirigiu filmes de sucesso como Retorno a Howard’s End (1992) e Vestígos do Dia (1993).
O produtor carioca, mas radicado em São Paulo, tem 41 anos, é casado com a cineasta paulista Maria Raduan, e tem dois filhos. É aficionado por futebol, literatura e história. Estudou Administração, mas a abandonou por sua grande paixão, e verdadeira vocação, o cinema. Segundo o jornalista da GloboNews, Guga Chacra, seu amigo de infância, desde muito jovem o produtor e cinéfilo sabia falas de cor de clássicos como O Poderoso Chefão (1972) e Guerra nas Estrelas (1977).
Seus êxitos incluem o nacional O Cheiro do Ralo (2006) e os independentes internacionais Frances Ha (2013) e Mistress America (2015), os dois últimos ambos protagonizados pela atriz Greta Gerwig, que concorreu no Oscar deste ano contra o filme de Teixeira com o drama indie Lady Bird – É Hora de Voar. Teixeira produziu também os sucessos Heleno (2011), Alemão; Quando Eu Era Vivo; e Tim Maia, os três de 2014.
Sua produtora, a RT Features, possui uma parceria com a lenda viva do cinema, Martin Scorsese, os dois se engajaram em uma missão de revelar novos cineastas para o grande público. A primeira cria do projeto foi o filme A Ciambra, exibido no Festival de Cannes no ano passado.
O brasileiro foi responsável pelo elogiado A Bruxa (2015), que revelou o cineasta Robert Eggers, ganhador de um prêmio no Festival de Sundance, e a nova estrela Anya Taylor-Joy, que consolidou sua carreira de atriz com o suspense Fragmentado (2016).
Graças a talentos como Teixeira, o Brasil está entrando de vez no mercado internacional de cinema e ganhando cada vez mais respeito junto aos profissionais da sétima arte pelo mundo. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer até atingirmos o patamar de prestígio que outros países sul- americanos, como a Argentina (com Ricardo Darín e Gaspar Noé) e o Chile (com Alejandro Jodorowsky), alcançaram junto ao mercado internacional.
Para finalizar, o Chile, inclusive, foi o vencedor na categoria de “melhor filme em língua estrangeira” no último Oscar, com o filme Uma Mulher Fantástica, dirigido por Sebastián Lelio.