O petróleo é nosso? por Alexandre Aragão de Albuquerque

Tudo começou assim. Primeiramente, em 1953, forças ocultas fizeram de tudo para afirmar que no Brasil não existia petróleo.

Depois de muita luta de patriotas brasileiros e brasileiras foi instituída nossa empresa nacional, a Petrobrás. Mas as forças ocultas, que jamais descansam, a partir da década de 1990, por meio de porta-vozes influentes do governo de então, buscaram sabotar a Petrobrás, tentando privatizá-la, querendo rebatizá-la com o nome de Petrobrax, combatendo abertamente a legislação do Pré-sal.

Hoje, numa campanha difamatória, utilizando-se das investigações da Lava-Jato, buscam imobilizar a Petrobrás, depreciando a empresa, para facilitar sua captura por interesses privados, nacionais e estrangeiros, ao fragilizar o setor brasileiro de Óleo e Gás, juntamente com a política de conteúdo local, diga-se de passagem, política esta utilizada por todas as nações que objetivaram ocupar um lugar de liderança na cena mundial. Coube, como sempre, à mídia global vender à população brasileira uma imagem da Petrobrás como uma empresa arruinada e ineficiente.

Vamos aos números de 2014, na época do governo Dilma Rousseff. A produção de petróleo e gás alcançou a marca histórica de 2,670 milhões de barris equivalentes/dia; o Pré-sal produziu em média 666 mil barris de petróleo/dia; a produção de gás natural alcançou 84,5 milhões de metros cúbicos/dia; a capacidade de processamento de óleo aumentou em 500 mil barris/dia, com a operação de quatro novas unidades; a produção de etanol pela Petrobrás Biocombustíveis cresceu 17%, para 1,3 bilhão de litros. E para concluir, em setembro de 2014 a Petrobrás tornou-se a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto. Superando quem? A Exxon Mobil, mais conhecida no Brasil como Esso.

E o que aconteceu no ano de 2000, que a mídia global omite, criando um grande problema para empresa que possivelmente está na raiz da vulnerabilidade dela? O governo do PSDB colocou à venda na Bolsa de Nova Iorque, a preço irrisório, 108 milhões de ações da estatal. Qual a consequência deste ato de lesa-pátria? Aquela operação silenciosa e silenciada reduziu de 62% para 32% a participação da União no capital social da Petrobrás e submeteu a empresa a interesses de investidores estrangeiros, sem compromissos com os objetivos estratégicos nacionais.

Mas vieram os 12 anos de governos do PT. O que mudou?

Um processo intenso de recuperação e fortalecimento da empresa. Primeiro com a descoberta e a exploração do Pré-sal. Depois com a recuperação para 49% o controle público sobre o capital social da Petrobrás. O valor de mercado na época de FHC era 15 bilhões de dólares. Repetindo, na era FHC o valor de mercado representava 15 bilhões de dólares. Em 2014, apesar de todos os ataques especulativos, o valor de mercado era de 110 bilhões de dólares. Se em 2000, na época de FHC, a participação no PIB do setor de Óleo e Gás era de apenas 2%, em 2014 era 13%. Sem contar com a indústria naval brasileira, sucateada nos governos peessedebistas, a partir da reconstrução produzida pelo PT, empregava em 2014 cerca de 80 mil trabalhadores, com o setor de Óleo e Gás contando com mais de 1 milhão de pessoas naquele momento.

Eis um pequeno relato para tentarmos exercitar nosso entendimento acerca do que está por trás do Golpe e do interesse de ridicularizar publicamente uma empresa estratégica brasileira no campo energético. Se hoje o tempo presente nacional caracteriza-se pela hipocrisia de adotarem-se dois pesos e duas medidas para fatos semelhantes; se o jurídico apresenta-se muito mais como causa de insegurança do que de garantia do Direito; se o político perdeu de vez a noção da responsabilidade da representação preferindo amplos acordos para consolidar a sua condição de poder corrupto; vamos aguardar o desenrolar dos fatos para ver até que ponto uma nação se submeterá aos caprichos de uma “elite”(sic!) sem um mínimo de pudor. De qualquer forma, fica o registro: o Atlético Paranaense e o Coritiba disseram não. Esta é a primeira liberdade: a de negar a realidade imposta para poder imaginar, gritar e conquistar a realidade justa. Oxalá outros nãos despontem no horizonte, reconduzindo-nos à construção interrompida, ao nosso longo amanhecer. De não e não se conquista a liberdade.

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .

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Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .