O ‘helicopter money’ do Banco Central japonês, por Haroldo Araújo

O Brasil tem uma situação econômica que poucos economistas se arvoram a apresentar caminhos para a retomada do crescimento publicamente e sem que sejam retrucados e com argumentos contestatórios fortes. A situação brasileira é complexa e essa complexidade não tem paralelo no mundo, certo? Não! Errado. Em termos de complexidade na solução de problemas econômico-financeiros a situação japonesa ganha do Brasil.

O Brasil enfrenta uma inflação teimosa que não deixa espaço para combater a recessão mais teimosa ainda. Essa sinuca de bico é pior do que se poderia imaginar para encontrar uma solução? Também não. Todos sabemos que o BC não poderia faltar com o Brasil e seu compromisso com a moeda pode até ser criticado por muitos quando afirmam que combater a inflação não é um fim em si mesmo, porque a missão do BC é a moeda, mas tem tido a competência de olhar em seu redor e sensibilidade suficiente para carregar o andor com ajuda das críticas que ouve pacientemente.

O cabo de guerra entre BC e Fazenda seria destrutivo se realmente fosse constatado esse confronto e se não fosse essa capacidade de visão holística de ambos! Então poder-se-ia até pensar que também numa sintonia entre o severo controle de gastos do governo {Política Fiscal} e sequenciado por redução de juros no momento certo pela autoridade monetária. Isso é provado matematicamente num conjunto de “n” equações com “n” incógnitas, portanto possível. É preciso apenas o necessário bom senso que todos sabemos, é o que se pode esperar das autoridades.

O Brasil é um cumpridor de contratos e, portanto, oferece segurança jurídica ao mundo investidor e empresarial. Quem quiser investir no Brasil sabe que terá retorno com direito ao risco inerente à cada aplicação. Segurança só a jurídica e se não tivesse essa segurança também não viria ou não ficariam com seus investimentos no Brasil nem mesmo o investidor brasileiro que ao menos desconfiasse que o governo não honraria seus contratos. Precisamos ter respeito com a Lei e vamos cumprir nossos compromissos e, no momento certo, vamos baixar os juros responsavelmente.

Uma coisa é o risco inerente aos mercados e outra coisa bem mais complexa e desastrada seria o desrespeito ao que foi firmado! Aqui não. Temos palavra e honra e vamos cumprir o que manda a Lei. E por que esse preambulo para falar do problema enfrentado pela economia japonesa? Porque alguns haverão de pensar que é só jogar dinheiro de um helicóptero e estará tudo resolvido. Não é bem assim! Senão vejamos o que é isso e o que significa.

Felipe Serrano é o autor de um trabalho na Revista Exame Edição 1121, página 64 com o título que adotamos copiar: É Hora de Fazer Chover Dinheiro? O autor se refere ao Japão! Nossa primeira abordagem é sobre a Monarquia Constitucional vigente no país e sua geografia montanhosa e vulcânica, um pais Insular de dimensões muito (muitíssimo) inferiores à nossa. Bem menos de um terço de terras agricultáveis .

Como se tudo isso não bastasse, sua Dívida Interna é de 230 % do PIB de R$ 15 Trilhões {um PIBÃO}, portanto 3 vezes o nosso. Imagine então o tamanho dessa dívida em país que tem crescimento pífio ou zero e alternativamente negativo há mais de uma década estagnado. Porque falamos da economia japonesa? Para comparar com os problemas da nossa economia que muitos de nós acreditamos ser impossível encarar.

O que podemos afirmar com segurança? Podemos afirmar com segurança que se fosse possível escolher, entre resolver os problemas brasileiros e os do Japão, Eu particularmente escolheria, sem qualquer sobra de dúvida, o brasileiro, tendo em conta o critério de grau de dificuldade para sair da armadilha do crescimento que os dois enfrentam em situações absolutamente polarizadas. Mas vamos apontar uma diferença basilar!

Em primeiro lugar os problemas a serem encarados na economia japonesa não têm o viés ideológico ou de voluntarioso intervencionismo pessoal de gestores brasileiros de plantão: Uma postura quase esquizofrênica, como se a cabeça de cada um que chegasse a comandar também pudesse se sobrepor com suas ideias à lógica científica esperada. E o Brasil sofreu com isso? Sim e mal saímos disso, uma Indefinição de rumos e políticas capazes de tirar a necessária previsibilidade na economia. Certamente! Foi um dos erros do governo impedido!

E essa chuva de dinheiro ou helicopter Money? Amigos, nem queiram pensar o que é uma recessão tão renitente que nem os juros baixos, zero e até negativos resolveram o problema no Japão! E some-se a isso um déficit orçamentário também superior ao nosso. Como seria a chuva segundo o autor da reportagem: 1- Desconto nos impostos; 2-Transferência direta de valores para cada cidadão; 3- Programa de investimentos em infraestrutura ou 4- Eliminação de parte da Dívida Pública. Estão resolvendo!!!

Como podem verificar trata-se de aumentar o dinheiro em circulação no sentido de combater a estagnação e inflação tão baixa e quase negativa e o que é isso? Deflação. O que se teme é o fracasso até do Helicopter Money. Portanto, concluo meu trabalho de apreciação dos dois graves problemas do Brasil e do Japão para dizer que prefiro combater a Inflação no Brasil do que a deflação japonesa! Viva o BRASIL.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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