O discurso de Lula após a condenação, por Haroldo Araújo

Lula não foi preso, mas foi condenado. Diferentemente de outros chefes de estado aqui do Brasil que foram presos, mas não condenados! Foram prisões por motivos “Políticos”! Foram eles : Hermes da Fonseca, Washington Luís, Artur Bernardes, Café Filho e Juscelino Kubitschek todos “Presos” pela justiça, mas sem qualquer condenação. Ao contrário de seus antecessores, Lula não perde a chance de desqualificar a nossa democracia perante o povo e o mundo quando se diz injustiçado e perseguido.

A justiça brasileira oferece a oportunidade ao carismático político de continuar esperançoso de pleitear candidatura à Presidente da República. Essa expectativa de candidatura vai depender de outra vigorosa apreciação que poderá ter ou não a condenação referendada. É julgamento em 2ª instância e isso é, ou deveria ser de algum modo, uma esperança. Lula não passa para seus liderados a confiança e não passa segurança pela falta de serenidade. Tudo que se poderia esperar de Lula, nessa hora, era que o condenado tivesse postura e assertividade, mas o homem é uma metamorfose ambulante assim como ele próprio se define.

Para piorar as coisas é que o seu partido está fechado em copas e isso é outro erro. O PT não se define sobre a escolha para 2018, motivo pelo qual o pretenso candidato a Presidente em 2018, como se autoproclama, já vem exigindo do PT uma posição. Há uma esperança de que os julgadores da segunda instância se detenham na busca de um denominador comum do pensamento jurídico. No Direito Romano vale mais a interpretação do que aquilo que está escrito e, portanto, difere do Direito Anglo-Saxão em que prevalece o espírito da Lei.

Afinal essa postura combina com o símbolo da justiça! A Deusa TÊMIS de olhos vendados e com uma balança na mão. A divindade personifica a Lei e a Ordem. Observe-se que é nela que a justiça é definida no sentido moral e com o sentimento da verdade e da equidade colocados acima das paixões humanas. A venda nos olhos tem o sentido da imparcialidade. A balança com pratos iguais é a sinalização de que todos serão iguais perante a Lei. Um equilíbrio entre o caos e a ordem.

Sérgio Moro fez um exaustivo trabalho em que, por cautela, chega a absolver a questão do que foi chamado de tralhas do palácio. Moro Foi minucioso na abordagem da tipificação dos crimes de ocultação da propriedade no caso do tríplex. É comum a ocultação? É outro crime e isso corrobora com a tese de prova documental da tentativa de ocultação que foi caracterizada com as violações ao documento. O processo contém prova documental, fato que a defesa acusa não ter sido apresentado.

Nossa crítica é à postura do Ex-Presidente que se excede na desqualificação de autoridades e Instituições. Não existe uma justiça com tantos recursos como é a do Brasil, no entanto Lula a desqualifica. Ele (Lula) se amparou nessa infinidade de recursos para sua defesa e não trata a justiça brasileira com o respeito que deveria. Respeito é via de mão dupla e não vai ser com esse discurso de ódio que Lula vai a lugar algum! Acaba perdendo também o respeito do povo.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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