Moral dos senhores, moral dos escravos

A IDEIA:

”…Existe uma moral dos senhores e uma moral dos escravos; acrescento imediatamente que em todas as culturas superiores e mais mistas também se manifestam tentativas de mediação entre as duas morais e, ainda mais frequentemente, a confusão e o desentendimento entre as duas, e até o seu duro paralelismo, inclusive no mesmo indivíduo, no interior da mesma alma.

…As diferenciações morais de valores nasceram ou sob uma espécie dominante que, com satisfação tomava consciência das próprias diferenças em relação aos súditos, ou sob os súditos, os escravos e os submetidos de todos os graus. No primeiro caso, quando são os dominadores a determinar o conceito de bom, são aceitos como distintivos e determinantes os estados elevados e nobres da alma. O homem nobre afasta de si as criaturas nas quais se manifesta o contrário de tais estados elevados e nobres: ele as despreza.

…o contraste bom e não-bom significa nobre e desprezível: o contraste bom e ruim tem uma outra origem. Despreza-se o vil, o medroso, o mesquinho, aquele que pensa na sua estreita utilidade; o mesmo vale para o desconfiado, com o seu olhar não franco, aquele que se humilha sozinho, a espécie dos seres-humanos-cães que se deixa maltratar, o mendigo adulador, principalmente o mentiroso: a fé basilar de todos os aristocráticos é que o povo vil mente. Nós, os “verdadeiros”, assim se denominavam os nobres na antiga Grécia.

…A espécie dos homens nobres vê a si mesma como determinante de valores: não necessita se fazer chamar de boa, ela pensa que ‘o que me prejudica é de per si prejudicial’, ela sabe ser o elemento que confere às coisas o seu valor primeiro, é criadora de valores. Dignifica tudo o que conhece de si: semelhante moral é a autoglorificação.

…Sobre esse fundo está a sensação de plenitude, de poder que quer transbordar, a felicidade da máxima tensão, a consciência de uma riqueza que gostaria de doar e restituir: o nobre também ajuda o infeliz, nunca ou quase nunca por compaixão, mas antes por um impulso gerado pela superabundância de poder…”

O HOMEM:

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão, nasceu em 1844 e morreu em 1900. Viveu toda a vida com problemas de saúde física e mental. Sua mãe, até morrer, e sua irmã, depois, cuidaram dele, que jamais se deu bem em seus relacionamentos com mulheres.

AS CIRCUNSTÂNCIAS:

Nietzsche era um duro crítico do Cristianismo e da civilização ocidental. Ele dizia que essa sociedade propunha uma “moralidade escrava”, que continha o impulso natural das pessoas, transformando-as em ovelhas. Livre desses freios, segundo Nietzsche, o homem poderia desenvolver todo seu potencial e tornar-se o “super-homem”. Este não se submete, não se conforma, eleva-se acima do rebanho e pensa além das conveniências morais (além do bem e do mal).

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SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

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