Michel Temer foi atropelado por um caminhão, por Haroldo Araújo

Maurício Macri, na Argentina, conseguiu fugir de uma das zonas de risco (US$ 30 BI vincendos), mas ao que se sabe vai ingressar agora numa zona de turbulência. Foi ao FMI primeiro, ao invés de fazer o dever de casa antes de qualquer outra coisa. Qual dever? A questão fiscal. Acho que o nosso jovem presidente “Hermano” deve estar se perguntando sobre o que se passa no Brasil. Posso ajudar dizendo que estamos no mesmo barco.

Todos os emergentes sofrerão com a volta daqueles capitais que entraram no período da distensão monetária do Federal Reserve. Nem a Argentina e nem o Brasil souberam entender o momento vivido ainda recentemente. Em termos de História 10 anos é recentemente. Lá na Argentina o “Peronismo” e aqui o “Lulismo” nos distraiam num consumismo desenfreado! É para onde direcionamos os capitais ingressados. Agora os investidores querem sair da posição.

Consequentemente, nem os hermanos e nem nós conseguiremos segurar essa “peteca”, muita volatilidade e dólar instável. Lá recorreram ao FMI. Nós aqui no Brasil vamos nos agarrando às reservas cambiais, mas tem uma pedra no caminho! Faltou combinar com os caminhoneiros que estavam com a língua de fora. O Poema de Carlos Drumond de Andrade (1902-1987) deve estar sendo declamado por Michel Temer: No caminho tem um caminhão!

De onde surgiu essa carreta? Evidente que não foi do nada. O Brasil inteiro acreditou numa mensagem: Eu sou o “Presidente das Reformas”. Ele, Presidente da República, então, resolveu não concluir as reformas. A proximidade das eleições e alguns números obtidos na economia brasileira, subiram à sua cabeça. Nesse momento poderia se candidatar ou quem sabe lançar um candidato. Tudo bem! Como eu disse, faltou combinar com as várias correntes políticas.

Uma greve sem bandeiras políticas ou partidárias e sem apoios sindicais, pior ainda, sem negociadores autorizados: Alguém tipo Lula no tempo das greves dos metalúrgicos, final dos anos setenta e início dos anos oitenta que negociava com as partes. Não se trata de crítica ao líder sindical, mas ao líder que se apresentou para negociar pelos caminhoneiros. A palavra do Presidente da República foi mal interpretada por pequena parte dos caminhoneiros.

Agora é que encaminhamos nossa proposta. A questão continua sendo a mesma dos Hermanos. Ela reside na tributação e na redução das despesas em todos os níveis da administração pública: União, Estados e Municípios que se amparam, em última instância, no aval do governo central para encontrar financiamento. Pois que unam em torno do governo Central ou afundaremos todos abraçados. Impostos estaduais são 29% e os federais são de 16% dos COMBUSTÍVEIS.

Nossos combustíveis são como uma commodity. Dólar e variação dessa commodity oscilaram juntos. O dólar, como já dissemos, oscila, porque os investidores buscam as melhores aplicações internacionais. Fizemos uma comparação com a Argentina. Os combustíveis sobem com o dólar e desestabilizam os mercadores do transporte, principalmente o rodoviário. Culpar a Petrobrás? Ou a política de formação de preços. Culpar o governo central?

Então vamos culpar os governadores também que elevaram demais as alíquotas dos combustíveis. No mínimo precisam deixar de apontar um poder para o outro. O ponto de união se daria pelo consenso de uma reforma tributária que seja capaz de contemplar as reivindicações relacionadas aos 3 níveis de governo: União, Estados e Municípios. Por enquanto uma M. P. dos COMBUSTÍVEIS a ser votada por suas excelências no legislativo.

Esse caminhão está passando por cima de todo o poder constituído, mas Michel Temer foi vitimado e pode se considerar fora do processo eleitoral de 2018.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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