Mercado reage bem às medidas de Dilma, mas há dúvida se vai engatar algum otimismo

Mercado e a reforma ministerial

O mercado palpitante por boas notícias se apegou a possibilidade de a reforma ministerial do governo Dilma acalmar os ânimos da base aliada do governo, conseguir afastar a possibilidade do impeachment e a manutenção dos vetos da famigerada pauta bomba, além da aprovação das medidas do ajuste com a implementação da nova CPMF.

O anuncio do corte de oito ministérios, de 39 para 31, de 30 secretarias nacionais, redução em 20% de gastos de custeio e contratação de terceiros e em 10% de seu salário e de ministros, a extinção três mil cargos comissionados; criação da comissão permanente de reforma do Estado; revisão de todos os contratos de aluguel, segurança e administrativos; venda de imóveis da União não utilizados para políticas públicas, entre outros parece gerar um efeito significativo nas contas do governo. Mais não é bem assim, pois a redução prevista no ajuste fiscal é de apenas R$ 200 milhões. Ao que parece, o principal impacto da reforma deverá ser na melhoria da gestão e na imagem de um governo que busca cortar na própria carne.

A reforma ministerial parece ter forte influência do ex-presidente Lula, que coloca parte de seus principais aliados dentro do Palácio do Planalto, dando a sugestiva de que estaria de volta ao comando. Passa a ser o novo ministro da Casa Civil Jaques Wagner, que tem bom trânsito na base e na oposição. Ricardo Berzoini vai para a articulação política e permanece Edinho Silva na Secretaria de Comunicação Social.

A presidente, em seu discurso, diz que a reforma é uma “ação legítima” que visa “criar estabilidade política” e “ambiente de diálogo” para “fazer o País voltar a crescer”; ressaltando que “essas iniciativas terão que ser reforçadas permanentemente” para ajudar no reequilíbrio fiscal e “para que o Brasil saia mais rapidamente da crise”.

Os dados iniciais mostram uma forte recuperação da bolsa no dia do anuncio e uma queda na cotação do dólar. Agora o que se pergunta é até quando vai essa lua de mel? Será que dura até a próxima abertura do mercado?

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.