Mercado: a certeza é a incerteza, por Ricardo Coimbra

As instabilidades no cenário político vêm gerando fortes oscilações no mercado financeiro. Fatos que refletem, principalmente, no mercado cambial e acionário. Ao longo dos dias tem-se observado grandes movimentos de altas e baixas fortes dentro dos movimentos diários. À medida que os cenários mudam, as expectativas dos agentes se alteram e provocam movimentos em cadeia.

Com a forte expectativa da queda do governo, em virtude de diversos fatos como: as grandes mobilizações organizadas pela oposição, o agravamento das relações com o PMDB, os desdobramentos da Lava Jato, e as denúncias ao ex-presidente Lula e a sua não posse. Fizeram com que, só no mês de março, a moeda norte-americana tivesse uma forte desvalorização de 10,17%. Sendo esta a maior queda mensal em 13 anos, desde abril de 2003, quando havia contraído a mais de 13%. Se observarmos apenas os dados do primeiro trimestre de 2016, verifica-se uma retração de 8,91%.

Por outro lado, quando se analisa os dados da Bovespa, no mês de março, observa-se o cenário inverso. Onde se verifica uma forte valorização, e que a bolsa teve um crescimento de 16,9%. Sendo este o maior ganho mensal desde outubro de 2002, quando avançou em 17,92%. E que o primeiro trimestre de 2016, já acumula uma evolução de 15,4%. O que passa a ser o melhor desempenho trimestral desde o período de julho a setembro de 2009, após a crise econômica americana.

Como as perspectivas são incertas, o mercado deve ficar muito instável até uma definição, ou um direcionamento mais preciso sobre o que irá acontecer. Pois novas movimentações devem ocorrer nos próximos dias, e a indagações surgem. Será que o novo rearranjo político do governo com parte do PMDB, ainda governista, e com outros partidos pequenos que orbitam o congresso irá ser capaz de conter o impeachment? Se contiver, será capaz de gerar governabilidade? Se não conseguir, que capacidade teria Temer de cooptar uma base que lhe gere sustentabilidade? Como iriam se comportar os derrotados? Sejam eles oposição ou situação? São essas e muitas outras perguntas que se faz, e que se buscam respostas a todo instante. Levando a certeza de que a incerteza irá perdurar por muito tempo.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

Mais do autor

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.