Nunca antes, na história recente desse País, tivemos que enfrentar uma recessão tão profunda. Nem conviver com a revelação de tantos escândalos, elevados às alturas, juntando-se aos juros, inflação e tributação que lá sempre estiveram. Até a escassez de água que era uma constante no Nordeste, espalhou-se pelo País inteiro. No front externo as coisas também estão apenas menos ruins. E, quando já não faltava mais nada, a Inglaterra decide deixar a Comunidade Europeia, gerando nova onda de temores e especulação.
Nesse contexto, as empresas brasileiras – pequenas, médias e grandes -ficaram à deriva. O consumo, inflado pelo crédito irresponsavelmente abundante, encolheu. O crédito, abalado pelos escândalos, pelas recuperações judiciais e pela retração dos investidores, encolheu mais ainda. As quedas de vendas, em muitos negócios passaram dos 30%, enquanto alguns viram diminuir suas vendas em quase 50%.
A catástrofe política combinada com o desastre econômico criou um ambiente caótico, de uma devastação de guerra em país derrotado. No entanto, a economia brasileira e suas empresas estão conseguindo sobreviver em meio a todas as intempéries. As megaempresas através de acordos de leniências e pagamento de multas, aos poucos, estão retomando suas atividades. Os culpados estão sendo julgados e muitos já presos ou pelo menos penalizados. E, as demais empresas estão se reinventando para sobreviver, sob pena de fechar as portas, como muitas já fizeram e as ruas de comércio e shoppings estão repletas de lojas fechadas.
O importante, a meu ver, é que as empresas estão começando a dar importância à Produtividade. E, principalmente, estão começando a perceber que existem muitos custos que estão sendo eliminados sem prejudicarem sua capacidade de operação. Assim como novos produtos podem ser lançados mesmo com pouco capital de giro. Os credores em geral, sejam fornecedores ou instituições financeiras, estão chegando junto e dilatando prazos ou diminuindo custos. As relações trabalhistas estão sendo flexibilizadas, com a admissão de redução de turnos de trabalho e de remuneração, de forma que os negócios possam ser mantidos. Todos compartilhando a convicção de que, se a empresa sobreviver, poderão retornar às posições de origem ou provavelmente melhorar.
Isto por que todos estão começando a compreender o conceito de Produtividade. Estão assimilando que, o que importa não é quanto custa o bem ou serviço, mas quanto aquilo pode render para o negócio. Numa crise, isso implica em que se a receita diminui os custos precisam diminuir também, sob pena de inviabilização do negócio. Ora, essa compreensão implica que, quando as receitas aumentarem haverá base econômica para aumentar o custo dos recursos, sejam humanos ou materiais, possibilitando a todos recuperar as perdas.
E, é importante ressaltar, não estou falando de teoria. Isso vem acontecendo em muitas empresas em todo o Brasil, num maravilhoso efeito manada que está permitindo a sobrevivência de muitas empresas e dos respectivos empregos que proporcionam. A coisa está sendo tão positiva que até os governantes, historicamente alheios aos interesses das empresas, estão compreendendo que a sobrevivência das empresas e a recuperação em curso é o caminho mais rápido para a recuperação da arrecadação, destroçada pela crise.
Para todos os que buscam agregar conhecimento ao dia a dia empresarial tem sido prazeroso perceber que, na prática, a teoria vem funcionando!