Metáforas, sofismas e retóricas dos discursos à parte, o Brasil não merece um espetáculo dantesco a que somos obrigados a assistir nessa difícil quadra que não nos permite saber quem está com a verdade. Se duas partes antagônicas apresentam versões contraditórias para um mesmo fato, então uma das partes está faltando com a verdade.
Uma Presidente do Executivo afastada e um Presidente da Câmara dos Deputados igualmente afastado de seu cargo pelas acusações que respondem, deixam o Brasil sem saber se a barganha que Dilma e Eduardo dizem ter sofrido partiu de quem e à espera de que, em contrapartida.
No exato momento do depoimento da Presidenta no Senado os integrantes do MTST formavam barreiras com pneus em chamas nas ruas dos grandes centros, principalmente na Av. Paulista em São Paulo. No dia seguinte, as principais vias de acesso a exemplo da Marginal do Tietê e vias de condução ao trabalho estavam também com barricadas impeditivas (em chamas) provocadas intencionalmente para evitar o deslocamento de veículos.
Uma visível falta de liderança de grupos de esquerda e da falta de coerência nos discursos de quem diz estar em busca de equilíbrio e espírito democrático. Nas ruas os protestos eram em favor de Dilma e ela falava no senado sem muita convicção e de forma repetitiva acerca dos temas questionados. Dilma respondia perguntas com abordagens distintas dos acusadores de idêntica forma (um disco). Não passando a confiança que todos esperavam.
O Discurso bem redigido tinha o viés da emoção com o histórico da luta contra a ditadura, mas era tão somente mais do mesmo e de tão repetitiva a leitura que se faz é que as abordagens já não acrescentavam nada do que tantos esperavam! Nada de novo foi dito. O erro? Deveria ter elaborado um roteiro para resposta às perguntas com uma conclamação e abordagem política e não técnica e assumindo erros (pontualmente). Assim não foi.
Não foram políticas as colocações da Presidenta e nesse particular reside seu erro, até porque de tecnicalidades os debates já estavam esgotados. Esclarecimentos técnicos já vinham sendo prestados e não convenceram a nenhum dos parlamentares. Uma frustação que fez com que Chico Buarque deixasse as galerias e depois foi seguido pelo criador de Dilma. Bem antes de terminar os debates no Senado.
A sorte estava lançada e já se sabia que convencimento não haveria naquele encontro. Amanhã, dia 31.08.2016, exceto se houver algum fato novo, o que já não parece mais ser possível, e assim sendo o Presidente Interino (Michel Temer) deverá tomar posse definitiva na Presidência da República e fará sua viagem para a China em busca de negócios para nós brasileiros.
Certamente que há uma vontade de mudança a partir dos movimentos de rua já em 2013 e que o pedido de afastamento não nasceu nos gabinetes e nem mesmo da vontade do Presidente da Câmara como foi repetidamente expresso nos discursos da tribuna do senado por todos os que se posicionaram contra o pedido. Todos diziam que Eduardo era o algoz de Dilma.
Fica difícil para os brasileiros entenderem a falta de habilidade de dois Presidentes de Poderes, sendo uma (Dilma) da República e o outro (Eduardo) de uma das casas do Congresso Nacional. Infelizmente não adianta chorar o leite derramado e acusar os adversários de golpistas. Faltou habilidade política e sobrou arrogância. Ninguém merece!