A lenta retomada do crescimento, por Haroldo Araújo

É importante destacar que em mais de meio século o nosso povo foi capaz de superar situações as mais desafiadoras e de contornos diversos. Desde a institucionalização da Correção Monetária até a retenção das poupanças e aplicações financeiras e até depósitos em bancos. Inimaginável é a capacidade de nosso povo em absorver golpes em suas economias duramente conquistadas.

Em todas essas situações ficou bem demonstrado que não houve revoltas ou incompreensões de modo a causar comoções na sociedade. Temos avaliado que os planos econômicos tinham o condão de promover a recuperação econômica e que também viés da insustentabilidade porque seus efeitos práticos se mostrariam no futuro em flagrante desrespeito à própria teoria econômica.

Cada plano tinha precipuamente o foco no combate à inflação e nos seus efeitos contra a produção e o emprego. Os estragos de então, ficavam evidentes nos balanços das empresas e nos orçamentos públicos. Tudo se dava sempre pela via dos juros ou do câmbio, para fugir das injunções que a tributação ou corte de despesas acarretavam. O que tinham em comum? Uma rápida retomada do crescimento, mas como já afirmamos, sem sustentabilidade.

Diferentemente dos outros planos, uma das amarrações do Plano Real está na Responsabilidade Fiscal. Sabemos, hoje, que não se acreditava em agressões que lhes tirassem a continuidade até mesmo pela suada conquista de uma moeda que se mantém respeitada ao longo de mais de duas décadas. Infelizmente, um dos caminhos escolhidos pelos governos afastados para combater a queda dos negócios foi: Desobediência ao Orçamento Público!

A nova equipe escolhida por Michel Temer já entendeu que não adianta fazer planos econômicos que visam promover uma rápida recuperação da economia, mas que tenha como objetivo a sustentabilidade e continuidade da recuperação. Os estragos na situação econômica das empresas se dava por terem os empresários, de então, acreditado que a partir do plano montado poderiam tomar empréstimos e fazer investimentos com garantias do novo modelo.

Já chegamos a acreditar na criação de uma âncora cambial. Muitos acreditaram que se poderia sustentar a paridade de R$ 1,00 para US$ 1,00 e assim não foi. O governo fixaria o câmbio e haja divisas para satisfazer a paridade, também insustentável. Mais verificou-se que isso também não se sustentaria. A saída foi permitir a flutuação do câmbio. Nenhum governo terá cacife para enfrentar o mercado. Pode até ter forças para intervenções, desde que momentâneas.

A competência da atual equipe econômica está assentada no entendimento de que não adianta promover uma recuperação rápida, mas insustentável. Assim é que ficam estabelecidas as mesmas bases do Plano Real original. Justamente uma orientação que se ampara nos mesmos fundamentos do plano REAL, com seu tripé de sustentação e que não terá continuidade dependendo de medidas e pacotes como ocorreu em passado recente.

O governo espera que os próprios empresários aproveitem as condições que cria, a exemplo da queda da taxa de juros, controle inflacionário, câmbio flutuante e busca do equilíbrio orçamentário para oferecer segurança e trazer de volta a confiança capaz de estimular os investimentos privados e trazer de voltas os empregos perdidos. O governo assim procede sabe que a retomada será lenta, mas será sustentável. A razão é essa! Precisamos entender.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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