Leia, olhe, escute, mas não pense, evite debate e siga o rebanho, por Capablanca

Flash 1 – Uma imagem diz mais do que mil palavras. Foi o que me ocorreu pensar quando vi as imagens do noticiários sobre ela, a MOAB. Ela é a ‘mãe de todas as bombas (mother of all bombs)’. Deve ser apelido, respeito, gente, ninguém mete a mãe no meio dessas coisas, é preciso aprender desde pequeno…Vamos às imagens: a primeira, uma bomba bonitinha, bem colorida e de design moderno, posta retinha sobre um veículo, permitindo ao câmera mostrar o melhor ângulo; a segunda, lá dos céus, de um satélite, mostra uma área cinzenta que vai ficando preta e fica cercadinha por uma linha demarcatória da “área atingida”. Pronto. Foi o que o mundo viu.

Fiquei pensando nas imagens das bombas sem nome que são jogadas Deus sabe por quem aqui e ali naquelas terras do Oriente Médio, o dia inteiro, todo dia: gente em choque, crianças chorando ou vagando, carros queimados, ferros retorcidos, pedaços de corpos, corpos inteiros à vista ou embrulhados em lençóis, fumaça, adultos desesperados.

Será que o cidadão que se julga informado e civilizado e sua família percebem essa diferença entre a bomba jogada pelo governo dos Estados Unidos (você não viu sangue nem desastre, mas as mortes já se contam 94) e as bombas jogadas pelos outros?

Flash 2 –  Primeira página do tradicional jornal da capital de São Paulo. Uma foto imensa do prefeito da capital, João Dória, cercado de coreanos de paletó e gravata. Acima da imagem, dois dizeres chamam a atenção ao referir-se ao tucano: ‘chefe de estado’ e ‘futuro presidente do Brasil’, claro, dito pelos senhores de olhinhos puxados.

Menos, Estadão, menos…

Flash 3 – Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, noite da sexta da Paixão. O noticiário dedicou os primeiros 53 minutos à Odebrecht, dizendo que vai “mostrar tudo”. E mostrou um bocadinho. A sequência bem arrumada: Renatinha lê a notícia e entra o delator, casamento perfeito, Bonner, com estilo, faz as devidas passagens, tudo quase perfeito (sic), e não tinha nada ensaiado. Impossível pensar, não dá tempo. Impossível debater, “não atrapalha, quero ver”. Impossível não acreditar, “tá cega ou surda, mulher?”.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.