Independência ou morte… da independência, por Weluilson Silva

Há 194 anos, o Brasil foi declarado independente de Portugal, por Dom Pedro I. A história e suas figurinhas pintadas nos mostram uma linda ficção sobre a independência. Na verdade, o Brasil, depois desta data, de 7 de setembro de 1822, passou a afundar em uma dívida externa, e caiu em diversas dificuldades econômicas. A história mais uma vez mostra sua habilidade no eufemismo, ou mesmo na omissão da realidade.

O famoso grito do Ipiranga, me parece, serviu apenas para dar nome a uma rede de postos de gasolina. Aquele, na qual é só perguntar sobre como chegar a um lugar, e logo se sabe a resposta, tal como um GPS personalizado (pelo menos em sua propaganda). Quem sabe eles possam nos falar como podemos chegar ao fim desta crise. Saímos de uma dependência externa para uma interna, deixando de ser colônia para sermos uma (demo)cracia – sem a soberania do povo. Um país democrata, que decide sem consultar a soberania popular, apenas com o poder de representantes políticos.

Uma crise nacional não se resolve sozinha, e nem somente com a “imensa” sabedoria de políticos, que estão ali graças à hegemonia deste povo. Não acreditamos mais em gritos de liberdade (como o de Dom Pedro I), nosso imperador prometeu ser o salvador e fugiu. Precisamos gritar sozinhos (de alívio), depois que tivermos certeza de nossa liberdade – desta crise ética, política e econômica.

Estamos aprisionados pelos preços altos, falta de emprego, e o pouco que nós temos ainda é roubado. Roubam no imposto diário, nas multas de trânsito exacerbadas, nas ruas das cidades brasileiras pelos bandidos sem colarinho, nos quatro cantos do país. Não é à toa que até mesmo nossos antigos colonizadores achem que somos corruptos e ladrões. Herança maldita.

As autoridades militares e fiscais são instruídas pelos políticos que nos representam para impedir que um trabalhador autônomo possa trabalhar nas feiras livres (fugindo do desemprego), tirando deles seus bens, que lhes dariam um pouco de independência. “Olha o rappa” – grita um microempreendedor tentando livrar os colegas de uma possível perda dos seus produtos. No entanto, muitas vezes sendo insuficiente para salvá-los – pegos e apreendidos –, levam as mercadorias que lhes ajudam a colocar o pão de cada dia na mesa.

A independência do povo é arrancada pelos nossos “salvadores”, e depois declarada no congresso, levando à morte do povo. Mortes nas filas de hospitais, nas ruas das cidades brasileiras com a falta de segurança, com a fome nos sertões — que passam pela estiagem — e nos quatro cantos do país.

Independência ou morte dela. Deveria ter sido esse o grito que Dom Pedro rugiu nas margem do Ipiranga, pois é isso que tem acontecido. A morte da independência tem se propagado durante todos esses anos. O Brasil é do brasileiro, e queremos a independência que nunca tivemos. O Congresso Nacional ignora o grito de independência do povo, e proclama sua própria independência. E cada vez mais temos a certeza de que nossa independência morreu e foi enterrada.

O brasileiro apenas quer a soberania, que a constituição marca em suas palavras dizendo: “todo poder emana do povo…”.  Queremos gritar: Independência e vida. Queremos ter uma vida digna, com emprego, saúde, educação, e segurança. O brasileiro precisa saber que o poder emana dele, e por isso precisa gritar e declarar sua própria independência.

Weluilson Silva

Publicitário, graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Fanor/Devry, Escritor amador/ Romancista (em processo de publicação). Mestrado Incompleto de Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração em Marketing (IPAM).

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Weluilson Silva

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