A hora da queda dos juros, por Ricardo Coimbra

É chegada a hora de mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro. E esse parece ser um momento decisivo para a perspectiva de um novo cenário para a economia brasileira daqui para frente.

A reunião se mostra extremamente decisiva neste momento em função de diversos fatores. O primeiro deles é o fato da grande retração da atividade econômica, dadas as fortes retrações nos dois últimos anos de mais de 3,5% ao ano. Além de uma taxa de desemprego que se aproxima de 14%, com mais de quatorze milhões de desempregados. Por outro lado, um nível inflacionário muito baixo, que já chega a menos de 4% ao ano no acumulado dos últimos 12 meses.

Em outra direção, há a necessidade de um governo fragilizado, quase parado, demonstrar a capacidade de recuperação. Governo esse, que, a cada dia, tanto a população como o mercado financeiro não acredita ser capaz de suprir seus anseios. Para o mercado, principalmente, a cada dia que passa, a figura do presidente passa a ser figurativa, em função de um direcionamento que possa vir do legislativo, dada a visualização de que as medidas propostas seriam um mecanismo de recuperação para a economia, independente do governo de plantão.

A perspectiva de uma redução da taxa de 11,25% para um patamar de, no mínimo, 10,25%, demonstrará um compromisso quanto à necessidade de recuperação da economia. Em um momento que, segundo o próprio direcionamento do Banco Central, já existe a possibilidade de que essa redução seja ainda maior, podendo ir nesse momento a uma taxa de 10%.   

Ao reduzir a taxa de juros de forma significativa neste momento, o Banco Central demonstrará um compromisso em relação aos seus objetivos macroenômicos e de direcionamento já demonstrado em momentos anteriores. Além de mostrar aos agentes econômicos sua autonomia na condução da sua política monetária, blindando-se de uma possível interferência do governo de plantão.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.