A história se repete, por Adriana Alcântara

Bernard Manin, um politicólogo francês contemporâneo, afirma que o mais importante componente democrático da representação é a possibilidade dos cidadãos terem representantes que prestem contas e sejam avaliados ao fim do mandato. Adoro Manin, mas me pergunto se essa prestação de contas tem efeito retrospectivo na análise do eleitor, e mais: se ele (o eleitor) tem informações suficientemente claras sobre o que foi feito, como foi feito e o que realmente poderia ter sido feito pelo representante. Consegue o eleitor brasileiro exercer essa análise sobre o mandato findo ou em vias de acabar?

Se respondida afirmativamente essa pergunta, então o eleitor tem condições de utilizar-se dessa prestação de contas para decidir em quem vai votar no próximo pleito, hipótese que não vale para os candidatos de primeira viagem que ousam aventurar-se nesse oceano conhecido, cheio de tentações e dissabores, mas que também traz, na sua inteireza, uma série de vantagens de ordem financeira e pessoal.

E vemos que a disputa para o pleito de 2018 já começou. Candidatos se engalfinham para terem as indicações de seus partidos que analisam, ponderam, coalizam, costuram, coligam e fazem concessões inacreditáveis.

E ao eleitor atento é interessante ver essas costuras, tentar entender o que está por trás de tantos remendos e o que move os candidatos e partidos. Os candidatos do ano que vem já se anunciam e, aberta a temporada de caça ao voto, farão de tudo para parecerem simpáticos, amigáveis, honestos, coerentes e acima de tudo capazes de dar um jeito nesse cenário (a)político que vivemos nos dias de hoje, quando não há credibilidade alguma nos governantes atuais, nem a menor disposição para escolher aqueles que assumirão em janeiro de 2019.

Adriana Soares Alcantara

Mestre e Doutoranda em Planejamento e Políticas Públicas da UECE Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa da UECE na linha "Política faccionada e atuação dos partidos políticos em âmbito subnacional". Servidora do TRE e Integrante da Comissão de Participação Feminina CPFem

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Adriana Soares Alcantara

Mestre e Doutoranda em Planejamento e Políticas Públicas da UECE Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa da UECE na linha "Política faccionada e atuação dos partidos políticos em âmbito subnacional". Servidora do TRE e Integrante da Comissão de Participação Feminina CPFem