Grau de investimento: e as outras agências?

Agora, mais do que nunca, o governo deve apresentar medidas para o corte de gastos e aumento da receita. Essas medidas devem ser apresentadas o mais rápido possível para serem negociadas com o Congresso para que essas possam ser implementadas.

O desafio agora passa a ser o de evitar um novo rebaixamento. Pois, se esse acontecer, é o disparo para que muitos investidores institucionais externos tenham que diminuir ou até eliminar suas aplicações no Brasil, o que teria um impacto muito mais efetivo sobre o câmbio, a inflação e a estabilidade econômica.

As medidas que serão propostas deverão ser no sentido de melhorar a situação fiscal. Ou seja, mostrar como sairá de um orçamento deficitário para um superavitário. O País tem pouco tempo para agir, mas ele existe. O próprio ministro Levy já determinou: até o final de setembro as propostas já estarão elaboradas. Contudo, estas deverão focar mais na redução de gastos, dado que a implementação de novas receitas, com a criação de impostos, terá grande dificuldade junto ao Congresso.

Quanto à percepção das outras agências de risco, a Fitch deve dar o próximo passo no que se diz respeito ao rebaixamento do Brasil – sendo relevantes as chances de se manter o grau de investimento. Pois na Fitch, o Brasil está um degrau acima do grau de investimento. Se vier um downgrade, o grau de investimento ainda será preservado.

Já em relação à Moody’s, a sua avaliação pode demorar um pouco mais, dado que a última avaliação ocorreu no início de agosto e o Brasil está com perspectiva estável no primeiro nível do grau de investimento. E esta dá sinais de que deve esperar um pouco mais de tempo para tomar a decisão, esperando as novas medidas econômicas. Contudo, a situação é delicada, porque as agências não precisam necessariamente mudar a perspectiva para negativa antes de rebaixar.

Uma falsa esperança do governo, a meu ver, é que tem a percepção de que as agências não têm um “afã” de tirar o grau de investimento do Brasil.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.