Com a crise política e econômica que o Brasil vem enfrentando, analistas políticos e uma parcela significativa da sociedade civil tentam constantemente vislumbrar saídas para a nossa situação atual. Nas redes sociais, a linha progressista insiste no ”Fora Temer” e pouco tempo atrás apostou suas fichas em uma eleição geral, que agora pelo que parece perdeu o fôlego. Conservadores e liberais dizem as vezes que o governo Temer não é tão tenebroso assim, até faz alguns avanços importantes, mas geralmente apostam em um nome forte de centro-direita para se eleger presidente no próximo ano. Um lado mais obscuro da internet e da sociedade brasileira, pede golpe militar e a construção de uma ditadura nos mesmos moldes de 1964, não raro quem concorda com essa perspectiva apoia Jair Bolsonaro. Nessa gama de possíveis soluções não se observa algo crucial: a força interna do governo Temer. Ninguém conhece apoiadores de Temer nas ruas ebairros desse imenso país, mas nas casas de votação o atual governo é fortíssimo. Assim, até o momento, tudo se encaminha para que o presidente peemedebista conclua seu mandato e uma nova gestão venha de fato com as eleições presidenciais de 2018.
Ainda temos, infelizmente, Jair Bolsonaro. O deputado consegue apoio de jovens com suas frases grosseiras e recheadas de clichês. No seu ponto de vista, o comunismo e a esquerda em geral devem ser combatidos, e a família tradicional defendida. Homossexuais e imigrantes devem ser deixados de lado. Na economia mistura um nacionalismo tacanho com uma certa retórica liberal. Para ele o mundo é dividido entre os ”bons” que estão do lado dele e os ”malvados” esquerdistas. Sem dúvidas, é um sujeito autoritário, preconceituoso, contraditório e anacrônico. Não pode de forma alguma ser presidente do Brasil, se quisermos preservar e melhorar nosso sistema político.
Portanto, vivemos em uma ”Escuridão total, sem estrelas”, como diz o título do livro de contos do escritor americano Stephen King. A democracia brasileira vive um momento único, que é fruto da nova cidadania criada pelas redes sociais, que vem expandindo a participação política de grupos antes indiferentes às questões partidárias e ideológicas da sociedade. Até agora, essa renovação vinda de baixo não chegou nos pilares fundamentais dos espaços de resoluções de questões nacionais, com nomes e projetos comprometidos com as reformas sociais necessárias. Essa ”democratização da democracia” precisa chegar logo, se quisermos observar estrelas no céu escuro da política brasileira.