Efeito Trump não é o fim do mundo, por Haroldo Araújo

Os países asiáticos certamente estavam melhor posicionados com a vitória de Hillary e nós? Estamos indiferentes? Indiferentes não, mas entendo que em nossas relações comerciais externas, nós desfrutamos de uma diversificada pauta de produtos destinados à exportação com compradores também diversificados. Assim como a balança comercial, a corrente de comércio também não sofrerá, não sofrerá do modo como outras nações se queixam.

Em 2008 tivemos uma idêntica situação de preocupação e estresse que beirava a histeria. Dizíamos que era o efeito Overshooting! Os mercados reagiam de forma atabalhoada à expectativas que depois se veriam frustradas. E o que houve em 2008? O mundo amanhecera em pânico. Certamente que não é o tema de nossa apreciação, mas a crise de 2008 tornou-se conhecida como a crise do mercado financeiro.

Agora é apenas uma eleição estadunidense em que o magnata Donald Trump vence as eleições naquele país amigo e o fato, constatou-se que vem dividindo o povo daquele país. Quando se esperava que o resultado teria outro efeito. A valorização da moeda norte-americana se deve ás expectativas de que grandes mudanças favoráveis ao governo americano (Norte), tirante o México possa se concretizar em ganhos econômico-financeiros para seu povo. Isso é que veremos ao longo de 4 anos de seu mandato.

Vale destacar que em qualquer economia ela (Ciência) se ampara em cenários e perspectivas futuras. Na lógica matemática ou na dialética filosófica em fatores endógenos e exógenos. De imediato nada se concretizará, por que? Primeiro porque Obama só passa a faixa em 20.01.2017. Até lá o republicano que se elegeu pode até prometer mundos e fundos, mas que de prático ainda é o governo do democrata que dá as cartas.

Observamos que a cotação do dólar disparou para quase R$ 3,50 e a BOVESPA operou em baixa. A trajetória da BOVESPA era de ganhos e tudo mudou com a inesperada vitória republicana. O BCB ainda não interviu com a força que dispõe, qual? Uma Reserva de US$ 377 BILHÕES. Não acredito que algum especulador queira medir forças. Pelo nosso feeling potencial de reação acredito que tudo que poderia nos afetar foi a própria notícia de que Hillary perdeu.

Apesar de que o Presidente do BC não tenha declarado disposição para quantificar o enfrentamento, a exemplo de segregar US$ para monitoramento, sabemos que tem bala na agulha, como? Reservas Cambiais Brasileiras são consideradas por todo o mundo financeiro como acima do nível necessário. Apenas para uma apreciação dos estudiosos, apresentamos a seguir (próximo parágrafo) dados e informes sobre Reservas. O quanto seria ideal? Estamos com mais de US$ 100 bilhões acima do desejável (Extraímos o dado de reportagem que a seguir citaremos).

Essas “Reservas Internacionais” são consideradas como uma das mais importantes espécies de colchão de liquidez contra crises externas. Vale destacar que volta e meia algum analista defende a redução do “Volume” da nossa! Como? Entendem que tem custo elevado e que poderia ficar em menores patamares em relação ao que a maioria das nações guarda. Isso é uma meia verdade se considerarmos que a garantia que essa Reserva Cambial pode oferecer não tem preço.

E tem custo? Sim. Os juros lá fora estão baixos. E qual a sua vantagem? Falamos que serve como um colchão de liquidez de pagamentos a exemplo de quadro que observamos em importante matéria da Revista Exame Edição 1125, de 09.11.2016. Conforme manda e eu em respeito à matéria de FABIANE STEFANO destaco: Daria para 3 meses de IMPORTAÇÃO, assim como suportaria a possível fuga de dólares em crises. O autor da matéria fala em US$ 184 BILHÕES a recomendação menos conservadora e US 275 Bilhões a mais conservadora. A autoria do trabalho FABIANE STEFANO ([email protected]) faz menção à nossa acumulação (Governo do Brasil) de pouco mais de uma década para cá e concordamos com a brilhante reportagem que se refere à garantia de uma política cambial com estabilidade, ante aos arroubos de uma inesperada volatilidade externa.

Estamos vacinados é o que penso e acredito que o exaustivo trabalho da brilhante articulista mostra essa experiência, e mais brilhante ainda está a sua análise acadêmica. Grande valor técnico, destacamos. E a simples eleição do republicano pode ameaçar como? Já ameaçou com a reação apontada. A cautela do BC mostra que vivemos outros tempos.

Vejam o tamanho do exagero do pânico: A oscilação foi de apenas R$0,22 centavos e sem nenhuma intervenção significativa do Órgão OFICIAL nem mesmo se fala de uma atuação protecionista como se verificou em outros momentos. Pelo que averiguamos em reportagens pós-eleitoral, trata-se de uma oscilação em face das expectativas de cunho especulativo.

Temos repetido de forma cansativa comentários que abordam a importância de termos no Brasil Instituições fortes e voltadas para o fortalecimento da nossa democracia, que por sua vez e vice-versa a própria democracia também depende de Instituições voltadas para a preservação da estabilidade da moeda e da economia.

Concluo afirmando que as oscilações são normais e que não afetarão os exportadores na geração de divisas e que sabemos compõe significativa parcela do Produto Interno Bruto, indicador que mede nosso crescimento. Crescimento que nos trará certamente de volta os 12.000.000 de empregos para o povo brasileiro.

Afirmo com segurança que não será a nós brasileiros que essa mudança vai afetar e que o Brasil está preparado para fazer esse acompanhamento sem os estresses que os analistas internacionais apontam para o mundo de um modo geral! Nós no meio? Menos, menos, amigo!

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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