Dólar não tem teto e câmbio é flutuante, por Haroldo Araújo


Duas pernas do tripé de sustentação do Real recebem as orientações de política monetária, cambial e creditícia que lhes deu força na sustentação do plano: O sistema de metas de inflação e a flutuação do câmbio vêm sendo observados pelo Banco Central. Ainda com a inflação elevada em junho de 2018, 1,26%, o acumulado do ano (4,39%) permanece abaixo do centro da meta, para os últimos 12 meses, que é de 4,5% ao ano.

As elevações recentes das taxas de câmbio podem ser originárias de percepções imediatistas com algum grau de imponderabilidade e que não condizem com um trabalho focado no igual desempenho de nossa atuação em expertise de nosso Banco Central. Prova provada é que os apostadores do momento, acreditaram numa desvalorização idêntica à que houve na Argentina e que supostamente daria curso a uma fixação de novos patamares de taxas e não foi assim.

Novos patamares especulativos e sem embasamento nenhum, demonstram a irracionalidade das apostas. Se tivesse fundamentos idênticos ao de países vizinhos, que foram acomodando suas taxas de conversão para viabilizar operações de câmbio, as taxas subiriam mais. Aqui, no máximo, obrigaram nossa autoridade monetária a realizar intervenções pontuais e diferentes de continuadas como foi na Argentina: “Consistentes e de modo a elevar as taxas em demasia”.

Para se ter uma ideia de nossa diferença com a história recente da moeda daquele país, basta olhar para traz e verificar que nos anos noventa, Peso Argentino e Real foram simultaneamente equiparados à 1 US$ em suas respectivas moedas, lá se chamava “Plano Cavalo”. Alguns críticos chegam a dizer que ambos fracassariam. Acertaram em cheio na Argentina, quando Cristina Kirchner interviu no BC de lá.

Hoje a cotação em relação ao nosso REAL, nesse país amigo e vizinho é essa R$ 1,00 = ARS 7,22. O destaque é que ambas as moedas, até os anos noventa, estavam equiparadas ao dólar. Como se deu essa desvalorização diferenciada não é o objetivo de nosso artigo. Nosso objetivo é mostrar que ainda que os planos tivessem os mesmos fundamentos, cada país tomou caminhos distintos. A Argentina quebrou as pernas do tripé de sustentação da sua moeda e o Brasil não.

Observem que exportadores, importadores e demais agentes do mercado, não deixaram de fazer suas operações à espera da definição pelo BC. Quando o próprio Banco sinaliza que está disposto a oferecer hedge (garantia de taxa) ou realiza operações de swaps no mercado futuro, então os agentes econômicos dão continuidade às suas operações e certamente todos nós ganhamos em ver o país funcionando normalmente. Nenhuma solução de continuidade sofreu!

Já foi dito que o câmbio é flutuante e não tem teto, mas não é o mesmo que dizer que as cotações estarão sujeitas aos momentâneos movimentos especulativos contra a moeda de uma nação que trabalha com serenidade para oferecer aos empreendedores, empresários e integrantes do mercado financeiro estabilidade com relação às necessárias trocas de divisas para viabilizar suas transações. Acabaram as desvalorizações exacerbadas e por decreto.

Como instituição voltada para a preservação do poder de compra da moeda, o BC não tem fins lucrativos como acontece, via de regra, com a grande maioria das empresas do mercado financeiro. A elevada movimentação se realiza, ora comprando, ora vendendo na intenção de equilibrar movimentos especulativos ocasionais decorrentes das mais variadas percepções dos aplicadores e investidores.

Concluímos afirmando que o dólar não tem teto, porque o câmbio é flutuante conforme plano.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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