De reforma em reforma, de silêncio em silêncio, por Capablanca

É mais difícil enganar quem já tem cabelos embranquecidos pelo tempo de permanência e caminhada nas longas estradas da vida. A gente ouve as notícias e os comentários políticos e econômicos e basta ligar o desconfiômetro para perceber o quanto são inverídicos e dirigidos a objetivos inconfessáveis.

É como essa conversa mole da recuperação da economia, que mais parece o efeito fundo do poço – a economia bate no fundo do poço e sobe um pouco, claro. Ou como a reforma trabalhista que vai criar muitos empregos – quando na verdade o trabalhador vai precisar de três ou quatro trabalhos intermitentes para substituir o velho e bom emprego de carteira assinada. Ou como aquela lei sem pé nem cabeça do Teto dos Gastos que dizia que ia resolver a questão fiscal do país por vinte anos, uma burrice sem tamanho, coisa de radicais.

Entretanto, pior do que as mentiras ditas e repetidas à exaustão, são os longos e profundos silêncios. Como a queda da inflação. Se não fossem os preços irresponsavelmente administrados pelo governo, a inflação estaria em zero, e o país teria uma conquista mínima positiva para essa crise inflada. Uma oportunidade histórica está praticamente perdida.

E com ela também está praticamente perdida a oportunidade do Brasil economizar umas duas centenas de bilhões de reais nos próximos anos. Sim, o Brasil, se a inflação não fosse inflada pelo próprio governo, iria para zero. E os juros da dívida pública, que custam quase quinhentos bilhões de reais por ano, poderiam cair quase pela metade.

E se a devastação que se faz na empresa brasileira de petróleo pudesse ter algum ganho com a abertura para as petroleiras estrangeiras, essa possibilidade também está praticamente perdida. O Congresso está aprovando favor fiscal de quase um trilhão de reais para as gigantes do óleo negro.

E assim, de mentira em mentira, de conversa mole em conversa mole, de mentira em mentira, de silêncio em silêncio, o país e seu povo vão perdendo oportunidades valiosas.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.