O governo mais uma vez se sente compelido a cortar seus gastos, e parece que não resolve o grave problema fiscal. Em função do prazo legal para publicação do novo decreto com a programação orçamentária e financeira do ano, e com o cronograma mensal de desembolso do Executivo para o mês de dezembro, o governo promoveu congelamento das despesas em igual montante ao mês de novembro. Como também encaminhou um contingenciamento de R$ 10,7 bilhões no Orçamento da União para 2015. Além de R$ 0,5 bilhão de emendas impositivas dos parlamentares, e recomendação de cortes no Legislativo e Judiciário que chegam a R$ 1,7 bilhão.
Tal medida visa atender a recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), que, enquanto o Congresso Nacional não aprovar o projeto da nova meta fiscal, o governo deve conter seus gastos. Ou seja, a não aprovação da revisão da meta obriga o governo a contingenciar as despesas discricionárias (não obrigatórias). Com o terceiro corte orçamentário, o contingenciamento de 2015 chega a R$ 89,572 bilhões.
O governo amarga um déficit fiscal recorde ocorrido em outubro, de R$ 12,3 bilhões, o que eleva para R$ 33 bilhões o rombo no ano de 2015. Sendo já quase o triplo do ocorrido no mesmo período no ano passado, que fora de R$ 11,6 bilhões.
Os cortes são bastante significativos, principalmente em relação a investimentos. O Ministério das Cidades fora o mais afetado, com um corte de R$ 1,6 bilhão, seguido pelo Ministério dos Transportes (R$ 1,4 bilhão) e Ministério da Integração Nacional (R$ 1,09 bilhão). Gerou ainda mais retração sobre a atividade econômica e incertezas sobre sua recuperação.
Joga o governo mais uma vez a responsabilidade para o Congresso. Esse quadro pode ser revertido caso ocorra a mudança da meta fiscal, para um déficit de até R$ 119,9 bilhões neste ano. Contudo, as turbulências do Congresso, com a prisão do senador Delcídio Amaral e a decisão do conselho de ética sobre a continuidade do processo de cassação do presidente da Câmara deputado Eduardo Cunha, não dá nenhuma perspectiva do que vá ocorrer.