Seja em uma rede social ou em uma mesa de bar , o tom é o mesmo. Quando se fala sobre a situação atual da política brasileira , a inconveniente corrupção entra no debate. Daí se inicia uma enxurrada de acusações contraPT , PMDB , PSDB , e surge das cinzas a ideia que nenhum político é honesto. Nossos representantes estão lá somente por seus interesses privados , e é por isso que o Brasil não vai pra frente , todos sabemos. Essa retórica extremamente disseminada pela população brasileira , possui seu óbvio fundo de verdade , mas esconde umacontradição entre discurso e prática cotidiana.
Entretanto , nem sempre o discurso popular é condizente com a prática. Antropólogos já observam a muito tempo que no Brasil as pequenas questões burocráticas são resolvidas pelo ‘‘jeitinho brasileiro” onde se burla a lei para se obter um objetivo pessoal. É claro que furar a fila do pão na padaria não é tão grave e repugnante quanto roubar milhões dos cofres públicos , mas ”criamos” os corruptos que nos governam quando não agimos na legalidade. Não podemos achar normal vender o voto , pedir favores extravagantes para políticos que temos amizade e subornar o guarda quando recebemos uma multa. O discurso popular contra a corrupção precisa unir a retórica indignada com ações coerentes. Necessitamos ir além das reclamações se quisermos um Brasil melhor.
Como diz o velho ditado , quem tem teto de vidro não joga pedra no vizinho. Precisamos transformar a nossasociabilidade cotidiana se quisermos contribuir para a mudança que queremos ver na sociedade como um todo. O exemplo e o diálogo democrático com o outro , podem ser grandes aliados nessa batalha.