Após quatro anos de espera, finalmente o Copom decidiu baixar a taxa de juros Selic. A informação foi liberada apenas às 18:20 ao invés de 18:00 como era costumeiro, mas refletiu uma decisão unânime de seus membros. A taxa de juros básica do Banco Central do Brasil baixou de 14,25% ao ano para 14%, continuando a ser, senão a mais alta do mundo, pelo menos uma das mais altas taxas de juros do mundo. E agora?
Do ponto de vista objetivo, a redução de 0,25% na taxa deve proporcionar uma economia anual da ordem de 1 a 2 bilhões de reais. Valor que é enorme, a nível de pessoas físicas ou pequenas e médias empresas, mas insignificante do ponto de vista macroeconômico, diante de um déficit anual superior a 170 bilhões de reais.
Mas, do ponto de vista simbólico, num mercado financeiro regido por percepções, pode ser encarado não apenas como um pequeno passo, mas como um salto na direção da recuperação da economia. Finalmente, o Banco Central do Brasil reconheceu que a taxa de juros estava por demais elevada e começou a baixá-la. Poderia ter sido uma redução maior, é indiscutível! Mas, já é uma sinalização concreta na tendência futura. Dependendo das reações dos agentes econômicos, a próxima reunião do Copom pode aumentar ou reduzir o ritmo de redução, mas o caminho está estabelecido.
Não adianta ficar calculando o impacto sobre o dia a dia, pois deverá ser inexpressivo a curto prazo, principalmente quando lembramos que o juro pago pelas empresas é muito maior que a Selic e, pelas pessoas físicas, é imensamente maior, onde 0,25% é quase nada. A repercussão que deve ocorrer, e é extremamente importante, é sobre a percepção dos agentes econômicos. Ao perceberem que a evolução da economia inicia uma inflexão, sinalizando a retomada a médio prazo do crescimento, os mais espertos já começam a se posicionar para chegar primeiro nas melhores oportunidades. E, isso atrai a atenção dos demais e o efeito manada começa a disseminar a intenção de investir na economia. Daí a retomada do crescimento acaba se tornando inevitável.
Em face disso, é hora de ficarmos atentos aos sinais de mudança de atitude, pois quem demorar a se movimentar vai comprar mais caro. Essa é a tônica do bom capitalismo. Não podemos negligenciar o caixa – sempre prioritário – mas já vale a pena levantarmos o olhar para o futuro, para não perdermos a onda que está se formando.