CONTO CURTO – O tempo e suas circunstâncias, por Francisco Luciano Gonçalves Moreira (Xykolu)

“– Foi o primeiro amor, um amor tão desesperado, quando ela me deixou, ai de mim, só não morri porque, aos 20, você não morre.” (Dalton Trevisan, em PICO NA VEIA. Rio de Janeiro: Record, 2002. 77, pág.91).

Folguedos juninos. Enamoraram-se. Tertúlias.

Festas natalinas. Ela sumiu, evaporou-se. Réveillon.

E a ampulheta da vida de ambos teve de ser virada incontáveis vezes.

Cidade maravilhosa. Quarto de hotel cinco estrelas, de frente para Copacabana, a “princesinha do mar”.

Ele perdeu a noção do tempo.

A porta se abre.

Ele desperta assustado.

É a arrumadeira, sorridente em seu bem passado conjuntinho de blusa branca e saia azul, quem lhe deseja um bom dia e pede desculpas pelo incômodo.

Ora, não há de quê.

De repente, descobrem-se.

Atração. Anatomia. Movimentos.

E o que então se dá ali não cabe em simples palavras.

[Imaginem.

Presumam.

Inventem.

Infiram.

Criem.

Se possível, fazer algo parecido se permitam.

E, na prática, suas teorias confirmem.]

Afinal, o que amantes fazem entre quatro paredes, sob a proteção de aconchegantes lençóis, somente a eles interessa.

Francisco Luciano Gonçalves Moreira (Xykolu)

Graduado em Letras, ex-professor, servidor público federal aposentado.

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Graduado em Letras, ex-professor, servidor público federal aposentado.