Todos nós podemos até errar no varejo das avaliações em uma gestão caso a caso, mas no período eleitoral obteremos uma soma de resultados que se prova sábia. Acertamos sim em 2016, como? No atacado! Em uma soma das escolhas Brasil adentro em cada município, e na sua maioria a opção foi por mudar os rumos da política, e a economia certamente vai junto. E o que será que move os brasileiros nessa direção? O que será que podemos extrair dos resultados?
É evidente que Lula e Dilma representavam o poder constituído, principalmente o poder central. Numa ocasião do governo Lula, um dos seus mais fortes apoiadores que pertencia ao partido de Lula, portanto dos trabalhadores (PT), apresentou a sua queixa pública, qual seja a reivindicação de que Lula não prestigiava o seu próprio partido, ao manter mais ministros indicados por outras siglas. A resposta de Lula: “ O PT já tem o Presidente da República!”.
Em síntese: Não precisamos de mais ministérios para mais apoiadorers. Se eram 39 ministérios, então tinha partido com mais de 1 ministério, por que? Porque tinha menos partidos do que ministérios. É claro que havia partidos sem pastas no governo e os números de siglas da base aliada e que ocupavam pastas era inferior ao número de pastas. Dilma foi mais ou menos pelo mesmo caminho. E o que já prenuncia em mudança que destacamos?
Michel Temer já reduziu 8 ministérios. O Prefeito eleito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella já anuncia no primeiro discurso: “Vamos reduzir as Secretarias à Menos da Metade!”. Interessante é que tanto Lula como Crivella foram aliados e Lula dizia que seu projeto era cuidar das pessoas e o senador foi eleito Prefeito do Rio com o mesmo discurso, mas votou no senado pelo afastamento de Dilma. Havia abandonado seus dois ídolos.
Há uma percepção do sentimento popular no resultado das urnas. A primeira e contundentemente apontada pela maioria dos analistas: “ O Partido dos Trabalhadores foi o grande perdedor das eleições de 2016”. Um analista chegou a destacar o empenho pessoal do Ex-Presidente Lula em reeleger seu pupilo em São Paulo (Haddad- PT-SP), mas Haddad perdeu logo no primeiro turno.
A falta de argumentos e escolhas de rumos na política foi uma das causas do insucesso do PT ao ter centrado suas baterias de críticas num discurso que passou longe dos anseios populares. O Brasil não queria mais do mesmo e queria mudar. O PT não se renovou e não mudou o discurso e nem a prática. A conversa continuou a mesma e o povo não é ingênuo.
Vejam que um quadro vai se formando na direção de centro-direita! Ou não? O mais estranho que se verificou foi que nem Lula nem Dilma compareceram às urnas para pelo menos mostrar que são políticos e que respeitam os resultados das urnas e que respeitam mais ainda a vontade popular e que prestigiam sim a democracia e que esse ato democrático tem grande significado e é de grande importância, nem que seja como referência e coerência para quem dizia ter o sangue da política nas veias.
Há certamente algo de novo no ar e isso é bom para a democracia. E o que que eu considero bom? É bom que os políticos entendam que não podem se aferrar ao poder e transformar suas ações em uma luta pelo poder e tão somente pelo poder, mas pelo seu povo. Esqueceram que a finalidade de eleições periódicas é didática e que todos os políticos entendam que não serão eternos nos cargos. A finalidade é a “Alternância” .
É preciso que entendam que foram eleitos para trabalhar pela cidade, pelo estado ou pelo nosso país e a vitória nas urnas é um desafio de grandes responsabilidades. Não haverá espaço para uso dos cargos em proveito pessoal e é necessário que se conscientizem que as funções para a qual foram escolhidos seja a oportunidade de apresentarem novas ideias e que sejam capazes de nos oferecer um “Estado a Serviço do Povo e Sob Seu Comando! A crise a que fomos levados está nos mostrando a grande oportunidade de não só de escolher gestores, mas sobretudo de acompanhar a gestão. Caso da PEC 241.
Estamos cansados de oportunistas e oportunismos. Estamos carentes de mudanças que possam aproveitar a força de um país jovem e que avança na direção da democracia brasileira e não de arremedos como se observa nos arredores e que pareciam encantar alguns, mas o Brasil acordou e acordou para repudiar modelos anacrônicos de republiquetas de cunho popular e comandadas por caudilhos. Bem no nosso nariz, nas nossas vizinhanças.
Não canso de reafirmar que nossa democracia precisa atuar de modo a dar força às nossas Instituições e institutos, como o Orçamento Público, que deverá balizar ações governamentais no sentido de nos dar a garantia da continuidade da nação que ajudamos a construir e que não aceitamos apropriações, mas ao contrário vamos cada vez mais cobrar gestões responsáveis de modo a assegurar que os governos observem os limites legais de sua atuação democrática e constitucional! Republicana mesmo.