Fazendo minhas reflexões pessoais neste iniciar de 2017, quando ouvi na televisão um apelo para que os gestores públicos tivessem vergonha na cara neste ano. Exultei com a clareza e profundidade da exortação e como era adequada à realidade brasileira em especial.
Refletindo mais sobre o assunto, cheguei à conclusão que não basta que os gestores públicos tenham vergonha na cara. Precisamos todos nós termos vergonha na cara, do rico ao pobre, do Oiapoque ao Chuí. Só assim teremos condições objetivas de pormos em prática o que efetivamente precisa ser praticado para tirar o País do lamaçal em que se encontra e assim criar condições para que a economia também se recupere.
Não é necessário discutir o que precisa ser feito. O diagnóstico há muito já existe e, de certa forma, é de conhecimento de todos. Não é necessário inventar nada. Basta todo mundo ter vergonha na cara. Todo mundo, repito.
Não basta o gestor parar de inaugurar unidades de saúde sem verba orçamentária para custear seu funcionamento. A sociedade precisa demonstrar sua discordância com essa demagogia barata. Não podemos mais aplaudir na inauguração e no dia seguinte reclamar que não tem médicos nem remédios. Não adianta reclamar que os presídios estão superlotados, na grande maioria com presos não julgados. Precisamos cobrar do judiciário que os presos sejam julgados, de forma que só permaneçam reclusos os efetivamente condenados. Não basta reclamar que os salários e outros compromissos estão atrasados. Temos que exigir o fim dos super salários e dos servidores improdutivos de modo que os recursos disponíveis sejam suficientes para os pagamentos essenciais. Temos que aceitar as dolorosas propostas de alteração na Previdência, mas temos que exigir a correção das aberrações hoje praticadas. Não podemos aceitar direito adquirido sobre privilégios ilegítimos e mesmo inconstitucionais.
Isso é que é ter vergonha na cara e precisa ocorrer com cada brasileiro. Vamos parar de reclamar mudança nas atitudes dos outros e continuarmos fazendo tudo como antes. Só assim poderemos construir não apenas ou 2017 melhor, mas um futuro inteiro melhor.
Luís Eduardo Barros
Economista e consultor de empresas