Balanço Petrobrás: antes tarde do que nunca!

Depois de longa expectativa, enfim os brasileiros passaram a ter informações sobre a real situação da Petrobrás. Passando a ser o primeiro passo da empresa para o seu longo processo de recuperação. Foram mais de cinco meses de atraso, pois a auditoria independente Pricewaterhouse Coopers (PwC) não acatava os resultados contábeis da estatal, a partir do momento em que as operações de investigação da Polícia Federal – Operação Lava Jato – revelaram a escala do esquema de corrupção que envolvia o superfaturamento de projetos da empresa.

Balanço auditado, e agora chancelado pela Pricewaterhouse Coopers (PwC) , mostra que a Petrobras teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano de 2014, ante um lucro de R$ 23,4 bilhões no ano de 2013. Os dados mostram que as perdas foram significativas. Na reavaliação do valor dos ativos da empresa foi de R$ 44,3 bilhões, propiciada, principalmente, devido a problemas de planejamento, adiamento de projetos e à queda do preço do petróleo. Junto a isso  ainda foi registrada uma baixa de R$ 6,2 bilhões referentes ao esquema de corrupção.

Um dos pontos mais importantes do balanço apresentado é o elevado grau de alavancagem da empresa. Hoje a empresa tem uma dívida de mais de US$ 100 bilhões. Ou seja, a sua relação dívida liquida/Ebitida chegou a 4,77 vezes no final de 2014. Em outubro passado, um relatório do Bank of America Merril Lynch já a qualificava a Petrobrás como a empresa mais endividada do mundo e a alta do dólar complicou ainda mais a situação da empresa ─ que tem cerca de 80% das suas dívidas na moeda americana.

E o primeiro trimestre de 2015 deve ser ainda pior, porque o endividamento continua crescendo e a geração de caixa da empresa está praticamente estagnada. Ou seja, melhorar a situação financeira não será um trabalho fácil dado o prazo relativamente curto em que isso deve ser feito, e o ambiente pouco favorável criado pelo novo patamar dos preços do petróleo. Para isso deverá vender ativos e captar novos financiamentos junto a bancos públicos e privados. Bem como emitir títulos para rolar a dívida, e rever seus planos de investimento, enxugando gastos e cortando projetos.

A empresa vai ter de deixar claro nos próximos meses o que vai acontecer com seus megaprojetos.  Essa é uma decisão que deve afetar não só a estatal, mas a economia brasileira como um todo. Pois os investimentos da Petrobras representam cerca de 2% do PIB brasileiro. Além disso, está claramente precisando de melhorias em seus processos de planejamento e gestão. Nos últimos anos, muitas obras não cumpriram seus cronogramas e foram aprovados inúmeros aditivos aos contratos. Devendo, também sinalizar com clareza que daqui para frente haverá melhorias nessas áreas que levem a um aumento da produção e geração de caixa.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

Mais do autor

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.