Sobre Heliana Querino

Heliana Querino Jornalista

Fio travoso

Acende a fogueira e aquece as paredes de aço
Do bico do bule até o chão da xícara
A mágica acontece
Um fio travoso retalha com precisão a nuvem alva com cheiro de felicidade
Olha o que eu achei, – o mar – infinito

Quem sou eu

A noite e as estrelas contadas nas pontas dos dedos. No terreiro, deitada no chão, eu.
A luz do candeeiro, o santo na parede e o cheiro de canjica com canela. Vovó lina na cozinha e vovô Chico com o radiozinho

Março

Inclina o perfil e abre a porta da sala
tece páginas, casa palavras e inventa letras
março veio com chuva, mesmo assim o sol parou mais do que de costume na persiana da minha janela
pede licença a Cecília e avisa para o

E todos os outros querem ser felizes

Caso sério! Qual a solução?
Guarde para mim algumas tardes de verão para quando você voltar.
Traz um pouquinho da neve que te reservo um tanto do meu mar.
Noites negras! Guarde ainda as cores do teu olhar. E não esqueça, o que

E se Fortaleza fosse…

E se Fortaleza fosse uma cidade construída em volta de mil canais, beleza, não seria Fortaleza, ela seria Veneza. 
Mas se Fortaleza estivesse bem em cima de uma serra, Bogotá, a nossa terra não seria Fortaleza.
E se o frio – desgovernados

Mercado de Sinônimos

Pense numa confusão semântica, um abuso de linguagem! Dizem que vivemos numa sociedade de mercado, de mercado livre. 
O mercado subiu.
Desceu o mercado.
O mercado tá quente, tá livre, tá peixe.
O mercado do qual os jornais nos falam todo dia – o

Na Hora do Almoço – Heliana Querino

Tentando manter a posição ativa, a vendedora se senta no banquinho do caixa, com a cara estressada, e se queixa para a colega da loja vizinha: 
 
– tu já almoçou, amiga? Hoje preciso comer rapidamente. Reduziram o horário de almoço, mas