Amigo secreto, por Weluilson Silva

Diante da crise econômica, muitos se isentaram de participar das confraternizações de amigo secreto neste fim de ano. Auto-presentear-se ficou mais vantajoso para alguns, enquanto outros apenas em uma indireta “memeal” no Facebook, pedem que não os convidem à confraternização de troca de presentes. Para estes, amigo secreto só aquele que vive “stalkeando” os Facebooks, e secretamente olhando suas atualizações e até mesmo suas publicações antigas.

Por outro lado, aqueles que não abrem mão de uma confraternização, seja no trabalho ou ao lado da família, se divertem com a cara de surpresa na hora de abrir o presente deste ano. Isso acontece muito por conta das divergências políticas e a sorte na hora de tirar o papelzinho que escolhe seu amigo secreto. De um lado estão os “coxinhas”, e do outro os “petralhas”; machistas versos feministas; extrema direita contra esquerdistas vermelhos, e a sorte trata de escolher as diferenças. Pessoas com pensamentos políticos opostos passam a ser amigos secretos.

O amigo secreto se transforma num “amigo da onça”, dando a chance para sacanearem um ao outro. Aquele coxinha-mor escolhe um boneco do Lula vestido de presidiário, ou a biografia do Juiz Sérgio Moro, quem sabe até um presente em forma de propina, só para sacanear o amigo petralha. Já aquele seu tio esquerdista, lembrado por suas roupas de marca, que se acha socialista, ele compra panelas modernizadas para que o sobrinho coxinha possa lembrar os panelaços sem resultados, e quem sabe o boneco do “bolsomito” com a bandeira do Trump.

Nada melhor que reunir as diferenças em um só lugar, mas nada de falar de política, claro, senão imagine um fiasco de festa. Não tem como, sempre vai rolar uma previdência para cá, e/ou teto dos gastos para lá. É difícil, qualquer reunião que seja, não falar de política – nunca se viu um amigo secreto tão politizado antes. E logo, logo, um começa a insultar o outro, claro, sempre na brincadeira. É na brincadeira que se falam as maiores verdades. Pois bem.

Imagina só como seria um amigo secreto dentro do Congresso Nacional. Seria bem difícil descobrir, ou talvez não. “Meu amigo secreto, foi indiciado pela operação Lava Jato três vezes só esse ano”. Então os colegas iam ter que contar quantas vezes eles mesmos foram indiciados. “Meu amigo secreto, tem conta na Suíça e no Panamá, mas nunca foi indiciado pela Lava Jato”. Muito difícil essas adivinhações de amigo secreto, não acha?

Depois das troca de presentes, a mistura das comidas típicas de uma festa de fim de ano, sem esquecer a coxinha e o caviar esquerdista. Acabada a confraternização, a vida continua normalmente, agora de amigos secretos, passam a amigos no Facebook, e aquelas leves tretas políticas nas satíricas postagens. O amigo pode ser secreto, mas as tretas políticas são bem explícitas.

Weluilson Silva

Publicitário, graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Fanor/Devry, Escritor amador/ Romancista (em processo de publicação). Mestrado Incompleto de Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração em Marketing (IPAM).

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Weluilson Silva

Publicitário, graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Fanor/Devry, Escritor amador/ Romancista (em processo de publicação). Mestrado Incompleto de Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração em Marketing (IPAM).

2 comentários

  1. Francisco Luciano Gonçalves Moreira

    “Aproxima-se a perigosa época das festas. O Natal e o Ano-Novo, como se sabe, despertam os melhores sentimentos das pessoas, e isso pode ter consequências terríveis”. Adverte-nos Luís Fernando Verissimo, para quem sempre há, nas confraternizações, um risco iminente de tudo acabar em “contrafernização”. Portanto, PAZ neste momento de “guerra” à flor da pele!