Vitimismo é para os fracos, por Weluilson Silva

Infelizmente, hoje no Brasil ainda existe o preconceito racial, herança de um período carregado de injustiças. Período em que se traziam os africanos, tirados à força de suas famílias e lares, para serem escravizados, tratados como animais pelos nossos colonizadores. Esta ferida, que o próprio tempo ainda não tratou de sarar por completo, encontra-se visível e dolorida. Embora tenham passado vários anos desde que a abolição aconteceu, foi enraizado em nosso arquétipo cultural que os negros não são iguais aos brancos, por alguns seres que se julgam superiores.

No Brasil não existem somente índios, brancos e negros. Hoje somos a mistura de todas essas raças; somos apenas brasileiros, e é essa mistura que define quem somos. Não faz nenhum sentido a divisão de raças dentro de um país miscigenado.

Há muitos anos os negros, os sertanejos e outros vêm ficando à margem da sociedade, prejudicados muitas vezes. Mas hoje vivemos em um século em que a tecnologia da informação consegue revelar alguns culpados por essas diferenças. Somos brasileiros, independente de cor da pele ou atividade que exerçamos.

Existe, sim, o preconceito, que muitas vezes chega a ser absurdo. Mas quero falar de outra questão que acontece bastante; o “vitimísmo”. Uma palavra que define aquelas pessoas que se acham vítimas de uma sociedade só por ela ser quem ela é. E acabam usando de argumentos para se sentirem injustiçados, sem muitas vezes ao menos serem tratados diferentes.

Muitas pessoas, para serem incluídas em cotas e/ou benefícios, preferem ser vistas como vítimas de uma história machucada e sem cura. No entanto, elas passam a ficar como sanguessugas, apenas absorvendo a compaixão do outro, e sem nenhuma visão de uma conquista através de mérito.

O que não podemos fazer é nos sentirmos vítimas de uma sociedade, e continuarmos nos sentindo fracos, e chorando pelos cantos sem saber o que fazer. Temos os mesmo direitos; e tanto brancos, índios ou negros (se assim quiserem classificar-se) podem sim adquirir prestigio na sociedade.

Tornando-nos vítimas, mostramo-nos despreparados para o mundo. Se você não se valoriza, e não busca uma condição mais adequada para sua vida, ficará apenas choramingando e dando motivos para a justificação dos preconceituosos. Joaquim Barbosa não foi ministro do Supremo Tribunal Federal se lamentando por ser negro, mas buscou seu mérito por ser apenas brasileiro, e trabalhou para isso. A atriz Taís Araújo, depois de postar uma foto em sua página do Facebook, em homenagem ao dia das crianças, disse que sofria bastante bullying, e acrescentou: “Com apoio da família, trabalhando a autoestima e o amor próprio das crianças, não há espaço para bullying”. Autoestima e amor próprio são duas armas que faltam em muitas pessoas, para lutar contra o preconceito que há nelas próprias.

O preconceito é ignorância, e se sentir vítima também. Não me sinto vítima por ser nordestino, mas sinto, sim, orgulho. Cor, raça, sexo, etc. não define caráter. Você é mais que tudo o que possa classificà-lo. Não se sinta mal por ser negro, índio ou nordestino, mas tenha orgulho. Seja o exemplo. Aqui vos fala um meio índio, meio branco, meio negro; 100% brasileiro.

Weluilson Silva

Publicitário, graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Fanor/Devry, Escritor amador/ Romancista (em processo de publicação). Mestrado Incompleto de Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração em Marketing (IPAM).

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Weluilson Silva

Publicitário, graduado em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Fanor/Devry, Escritor amador/ Romancista (em processo de publicação). Mestrado Incompleto de Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração em Marketing (IPAM).

2 comentários

  1. Weluilson

    Guto, quando falo em vitimismo não fica isento a questão do preconceito; mas existem pessoas que todo momento se sentem prejudicadas por ela ser negra, gay, ou o que quer que seja. Como eu disse no próprio texto, existe sim o preconceito, no entanto, algumas pessoas usam de argumentos preconceituosos para se sentirem vitimizadas. O preconceito além de tudo é crime, e exitem varias formas de identificar isso. Quando falo de vitimismo, não quero dizer que não exista o preconceito, quero dizer que muitas pessoas vivem de explorar este lado, e outras acabam por não buscarem seus objetivos reais de vida, achando que irá ser julgada algum momento. Em nenhum momento o texto culpa quem denúncia o preconceito, apenas alerta as pessoas que se sentem julgadas de alguma forma, e não busca seu próprio crescimento na sociedade. Se em toda a vida existirem pessoas que apenas se sentam vitimas, esses preconceitos nunca serão quebrados; mas quando ele mostra que cor, sexo, região, etc, não interfere no seu crescimento através da meritocracia, com o tempo as próprias pessoas que são preconceituosas não terão nem mesmo argumento para julgar quem quer que seja. Portanto, se você presenciar alguém sofrendo preconceito, denuncie, mas também dê motivação para a pessoas para ela não desistir de seus objetivos. Só assim teremos um país justo, e sem pessoas que apenas possa se encostar em argumentos que alimentam o próprio preconceito, que é o vitimismo.

  2. O texto coloca a culpa em quem denuncia o preconceito. Vitimismo é um termo inventado para acusar e culpabiliza todos os que denunciam algum tipo de preconceito. Autoestima não significa não denunciar toda e qualquer forma de preconceito. O problema é que no Brasil tentamos sempre empurra o lixo pata debaixo do tapete. Precisamos debater publicamente e de maneira franca os preconceitos e as formas de superá-los.